D. IOLANDA
D. IOLANDA
"É a vida fio... É a vida fia...."
Ouço nitidamente sua voz e apesar do pouco contato que tivemos, sinto sau-dades. D. Iolanda! Figura notável, mãe guerreira, mulher que sublimou algu-mas emoções para dedicar-se aos filhos.
Viúva ainda jovem, só teve olhar, ouvidos e coração para a família.
Era mansa como só os bons conseguem ser. Era forte como só os heróis con-seguem fazer-se.
Criticava às vezes, mas sua crítica não era ofensiva, irônica ou magoada. An-tes, vinha carregada de conselhos, de uma vontade férrea de "mostrar o cami-nho".
Lembro alguns comentários, preocupações com os filhos. E de certa forma me vejo nela. Melhor, vejo nela todas as mães que zelam pelas suas crias, inde-pendente da idade dessas crias.
Zangava-se às vezes, mas durava tão pouco... Noutras nos fazia rir com suas tiradas...
Tinha vaidade! Vaidade de uma senhora octogenária.
Só não conheci o que ia na sua alma (nunca me falou a respeito)... Além dos sonhos, desejos de mãe, que outros sonhos teria D. Iolanda ? Gostaria de tê-los conhecido. Possivelmente eu teria apreciado... Talvez tivesse recebido um quinhãozinho mais de sua sabedoria.
Ela se foi, seus sonhos já não tenho como conhecê-los, então quero guardar a lição de vida expressa em uma de suas frases prediletas: "É a vida fio", que não era dita/sentida como uma frase conformista, mas uma frase de aceitação, sem dor, sem rebelar-se. Um simples aceitar e continuar vivendo, o que em ultima instância é nossa obrigação aqui na Terra.