JOSÉ MAURO DE VASCONCELOS
Torci. Ah como torci para que José Mauro de Vasconcelos, com o seu livro "A CEIA" ganhasse o trofeu JUCA PATO como o intelectual daquele ano! Seria, sem dúvidas uma cacetada na moleira dos pseudos-intelectuais que não admitem o seu talento.
Mas não havia chances, os eleitores eram alguns veros intelectuais naturalmente mais exigentes , e muitos pseudos intelectuais acima citados. E o concorrente (vou pesquisar a respeito) certamente mereceu a premiação. De qualquer maneira a sua indicação a esse prêmio é um reconhecimento à sua obra.
José Mauro pode, segundo entendidos, não pertencer a nata dos grandes escritores, por ter escolhido escrever na língua do povo. Mas importa é que este povo, para quem ele escreveu, o recebeu e o aclamou como um grande escritor.
Ele possuia o talento de misturar realidade e fantasia como poucos. Em seus livros auto-biográficos "O MEU PÉ DE LARANJA LIMA E VAMOS AQUECER O SOL" o autor usa desse talento com personagens reais criando personagens imaginários. Assim surgiram Minguinho -o pé de laranja lima. O passarinho que dentro do peito de Zezé cantava com ele as coisas mais lindas da vida. E o sapo Adão que em "vamos aquecer o sol" veio ocupar em seu peito a vaga deixada pelo passarinho que havia voado.
Em "VELEIRO DE CRISTAL", "ROSINHA ,MINHA CANOA" e na última parte de "CORAÇÃO DE VIDRO" também ocorre essa mistura real/imaginário.
Os seus livros, diante dos quais tantos torcem o nariz, foram traduzidos (dados colhidos num livro de 1982) para vários países:
"O MEU PÉ DE LARANJA LIMA teve dezesseis traduções: Argentina. Alemanha. Áustria. França. Holanda. EUA. Inglaterra. Noruega. Suécia. Suiça. Turquia. Itália. Japão. Israel e Polonia.
"ARARA VERMELHA" Seis traduções:
Argentina. Alemanha. Áustria. Holanda. Noruega e Turquia.
"BARRO BLANCO" quatro traduções:
Argentina,Alemanha. Áustria e Hungria.
"VAMOS AQUECER O SOL . ROSINHA MINHA CANOA. LONGE DA TERRA e BANANA BRAVA foram traduzidos para a França e para a Argentina.
"ARRAIA DE FOGO " traduzido para a Argentina e para a Hungria.
Além dos acima citados toda a sua obra foi traduzida em língua espanhola pela Editorial "El Ateneo -Bueno Aires.
Eu sou do povo, sou povo, aprecio textos símples. Brinco com as palavras. Brinco de escrever. Brinco lendo, pois ler pra mim é puro lazer. Não aspiro intelectualidade nem cultura superior. Por isso deixo aqui esta singela homenagem a um escritor injustiçado que, junto a outros, semeou em mim o prazer da leitura.
O texto do colega Alexandre Mohor "JOSÉ MAURO DE VASCONCELOS" de 9 de julho de 2009 deixou de ser o único referente ao autor aqui no recanto. Junto-me à ele, pouco me importando que este meu gosto literário me traga depreciação perante alguns colegas intelectuais.
E, quem sabe, breve volto comentando alguns dos seus livros.