O RETORNO DE CHAPEUZINHO VERMELHO...(ATO II)
A T O I I
QUADRO I
(CENÁRIO FIXO :
UMA FLORESTA DEVASTADA, com troncos de
madeira serrados/empilhados, esqueletos de
animais, vasilhames plásticos espalhados pelo
solo. Ao fundo, uma pesada coluna de fuma-
ça.
Começa a sonoplastia da música de Chapeu-
zinho Vermelho ou assemelhada. Ela, Chapeu-
zinho, vai chegando lentamente ao recinto ,
parando no centro deste. Puxa para trás o
tradicional gorro, gira o rosto calmamente em
todas as direções. Balança a cabeça em sinal
de reprovação).
CHAPEUZINHO
(falando para o alto) - Agora vejo que a vovó não exagerou na car-
ta que me fez, pedindo a minha volta. Se me demoro um pouco mais
...(abre os braços e mostra o cenário de destruição) nem vestígio
dessa floresta ia sobrar para eu ver...
(fitando o público) - Aqui, nesta nossa cobiçada Floresta Amazônica,
que sempre foi a razão de minha vida, vivi os dias e momentos mais
felizes de minha vida...
(Após ouvir o barulho de motosserra em funcionamento) - Agora, é es-
se o som da floresta...motoserras e impiedosos machados...
(Após ouvir o baque de uma árvore) - Uma a menos. Uma árvore a mais para as carvoarias da região...
(Falando para o alto) - Seu IBAMA, que tal começar a mostrar ser-
viço e justificar os salários de marajá que lhes pagamos, queiramos
ou não ?
CORAL DOS BASTIDORES
- IBAMA...Instituto Brasileiro do Meio Ambiente...tão bom se fosse
verdade !
(Chapeuzinho abaixa-se e apanha um vasilhame
vazio de refrigerante)
CHAPEUZINHO
(para o público, enquanto exibe o vasilhame) - Olhando assim sem
maldade, parece tão inofensivo, não ? (mudando o tom de voz para
enérgico) - MAIS PERIGOSA QUE UMA CENTENA DE SUCURIS JUNTAS!
milhares...milhares de anos até se decompor ! E até que isso aconte-
ça, é uma destruição só !
CORAL DOS BASTIDORES
- ATÉ QUANDO ???
CHAPEUZINHO
(bem próxima do público) - E a vovó teimando comigo, achando que
cruel ainda é o famigerado do Lobo Mau...
CORAL DOS BASTIDORES
(o mais sincronizado possível) - O VERDADEIRO LOBO MAU,
O MAIS PERVERSO ANIMAL
E NÃO TEM FREIO O SEU IMPÉRIO
É O PRÓPRIO HOMEM..
SER DESPREZÍVEL...
TÃO DELETÉRIO !!!
(Chapeuzinho começa a andar em círculos,
como que desnorteada. De repente, para)
CHAPEUZINHO
(num crescendo, tomada pela revolta incontida) - Cadê o coaxar
de sapos desta floresta ? Por que não se o ouve mais? E o piado
agudo e agourento das corujas ? E o canto como que orquestra-
do de tão diferentes pássaros? E o bailado (caracteriza com ges-
tos) LEEEEEEEEve e gracioso das borboletas em torno de nós ?
(no auge da revolta) - ONDE ESTÃO TOOOOOODOS ? OOONDE?
(Desaba de joelhos sobre o solo e chora
entre convulsões.
Fecha o pano).
FIM DO QUADRO I DO ATO II