DOUTOR MAURICIO, O ANFITRIÃO
A turma estava lá, convidada que foi pelo colega Maurício Campelo, o homem de branco (sempre de terno branco, impecável), que além de gerente de banco é fazendeiro também.
Entre o Cabo e Escada, à margem da BR-101, está sua bonita Fazenda Esmeralda, com a casa grande, o terreiro, o casarão dos agregados, currais, tudo como manda o figurino.
Maurício, de tabique na mão, ordenava o melhor atendimento aos seus convidados, colegas da Universidade Católica de Pernambuco, futuros advogados, representantes da juventude universitária, mesclada, aqui e ali, pela coroice de um Arthur, de um Olival, de um Gilvan (o bom de bola), mas todos jovens no espírito e nos ideais.
O pessoal da fazenda era todo sorrisos e gentilezas. E a fartura característica dos nordestinos abastados:- muita bebida e muita comida! Fazia um tempão que eu não participava de uma festa assim, encarando a coisa de maneira pantagruélica.
Lá pelas onze horas, depois de esvaziarmos litros e litros duma batida de limão genial, Gilvan e Djalma lideraram uma turma metida a cracões de bola. Trocaram de roupa e se aventuraram num campinho beirando a linha do trem, de grama molhada e bastante escorregadia. Nós, os pernetas, ficamos no galpão, apreciando a pelada e os tombos que se sucediam. Em meio às gargalhadas, aos gritos e apupos, continuávamos enfrentando a genial batida de limão.
Mas logo a mesa foi posta e deixamos de lado os atletas, engalfinhando-se lá no campinho pela posse da “Leonor”. O almoço estava servido e era muito mais atraente!... Caímos de boca na comida.
Daí a pouco começam a chegar os “Pelés”, pálidos do esforço dispendido, enlameados, bocas espumando, alguns mancando, uma comedia. Foram pro banho de bica (água mineral) e logo juntaram-se a nós para consumação daquela bóia gostosa que ... só vendo, ou melhor, comendo!...
Os empregados da fazenda, um capítulo à parte:- atenciosos, solícitos ao extremo. Uma camaradagem extraordinária. E sobretudo pacientes com aquele pessoal esbaforido da cidade (futuros doutores ...), maravilhados ante aquela natureza toda, fascinados pelo bucolismo do lugar.
Era nego de fogo querendo montar a cavalo, e lá estavam eles, apressando-se em colocar o cidadão no lombo do animal, orientando-o quanto ao manuseio das rédeas, etc. e tal. Gente bacana.
Surgiu uma dupla de velhos, Bajojo e Zeca do Bombo. Que dupla! Contadores de “causos”, histórias de rocambolescas caçadas, potocas, coisas e tais!... Homens calejados, vividos, experientes, donos de uma sabedoria cabocla de nos encher o peito de inveja. E possuidores de uma saúde de ferro.
Cantaram emboladas, dançaram (“- Olha a faca, veio!...”), um barato. Enfim, foi um maravilhoso dia de sábado (desses que marcam e deixam saudades), aquele na Fazenda Esmeralda, em companhia dos colegas Mauricio, Djalma, Olival, Virgilio, Gilvan, Arthur, Hildebrando, Fernando, Neide, Daniel, Valdomiro, Victor e mais esposas, filhos de alguns dos colegas citados (perdão se faltou algum) e vários professores.
Lamentamos a ausência de alguns colegas, como Zé Carlos, Galdino e outros. E anotamos a presença simpática, entre outras, do Professor Jeovany, que prestigiou o encontro.
Ao amigo, colega e fazendeiro Maurício, gentil anfitrião, o meu melhor agradecimento e um grande abraço do,
Roberto Rego
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Recife, 16/07/77
Obs.: encontro de confraternização da turma de formandos em DIREITO do ano de 1979, da Universidade Católica de Pernambuco, na fazenda do colega Maurício.