Obrigada, Dileto Amigo

Há dois anos sento-me nesta mesma cadeira,

diante da mesma mesa...

Lanço o olhar pela sacada, olhando pro nada...

Hoje, pela primeira vez, meu olhar

encontrou o rio a correr...

vi o elegante farfalhar das árvores.

Pasmei!!

Como pude durante dois anos,

olhar e nada ver?

Observo haver um arco formado pela união

das copas de duas árvores imponentes, mas charmosas...

sob ele, o rio desliza graciosamente...

Árvores menores margeiam o rio,

ofertando sombras agradáveis e convidativas

Penso em nós dois...

Se você estivesse aqui, estenderíamos uma toalha

de xadrez miudinho e lancharíamos ali,

bem embaixo daquela formosa

embalados pelo murmúrio das águas...

Caminharíamos descalços pela grama,

que olhando daqui me parece tão macia...

A brisa suave que passa tocaria nossos rostos,

o sol aqueceria nossos corpos,

chinelos nas mãos

cabelos em desalinho...

Isto tudo está a menos de quarenta metros de mim,

como pude não notar antes?

Onde andava o meu olhar?

Creio que encravado nas minhas mágoas...

encoberto por dores... Medos...

Mas, esse teu jeito meigo

veio pra meus olhos desanuviar...

Obrigada, meu querido amigo!!!

02/02/06 - Votorantim/SP

Má Oliveira
Enviado por Má Oliveira em 24/07/2006
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