FRAGMENTOS DE SÃO PAULO
Uma parte de si acolhe bem os visitantes.
A outra, recebe mais do que pode cuidar.
Uma parte acelera os passos dos habitantes.
A outra, no trânsito lento, quase a parar.
Uma parte de si comunica-se com o mundo inteiro.
A outra, fecha-se na angústia da solidão.
Uma parte sonha com trabalho e dinheiro.
A outra, desespera-se na prisão.
Uma parte de si alimenta-se de poesia.
A outra, violenta os desvalidos.
Uma parte destaca-se pela gastronomia.
A outra, jejua com os esquecidos.
Uma parte passeia na fria garoa.
A outra, desaloja lares nas enchentes.
Uma parte encara a vida numa boa.
A outra, descuida dos seus doentes.
Há tempo São Paulo começou a sorrir
na ambivalência de um eterno aprendiz.
Uma parte busca progredir.
A outra, simplesmente ser feliz.