VINTE ANOS
Nasceu em um dia de Sol, dez dias antes do previsto.
Os problemas de saúde e desconfortos que tive na gestação se revelariam inversamente proporcional ao teu temperamento de criança. Foi um bebê calmo e sorridente. Como se não houvesse criança em casa.
Foi crescendo como uma criança saudável e feliz, de temperamento dócil, mas de opinião. Já de pequeno se mostrava politizado, avaliando cada candidato à Prefeito ou Governador, como se votasse.
Lia com interesse vários livros para a idade dele, e devorava cada página da revista científica que assinávamos, lendo-a para mim, em voz alta, sentado à mesa da cozinha, enquanto eu preparava o almoço.
Minha alegria! Foi o que pensei, ao vê-lo saindo da escola, ainda pequeno, de uniforme, enquanto sorria para mim.
Mas a adolescência chegou, e com ela o desprezo, a indiferença.
Não sei o porquê. Talvez por não ser a mãe que desejava ter, ou por não poder dar as coisas que deseja possuir.
Passei por tantas humilhações, por tanta dor e mágoa, incontáveis vezes violentada emocionalmente. Mas preferia isso que ver meus filhos passarem alguma falta, sentirem vontade de comer algo que eu não pudesse dar. Fui fraca em atitudes mas forte em amor.
Talvez esteja aí o motivo de tanta indiferença. Acabou aprendendo a valorizar a fonte material e não a maternal.
Hoje está completando vinte anos. Mas para mim ainda é aquele garotinho de uniforme, que sorria para mim ..... MINHA ALEGRIA!.
Parabéns, meu filho.
Que você seja feliz e centrado no que é de valor. Que as sementinhas que plantei em teu coração não estejam por demais abafadas. Que nos momentos em que mais precise delas, brotem vigorosas te inspirando a melhor decisão.
Sua mãe.
Imagem: portuguesapoesia.blogspot.com