Balanço: Solitário ou Solidário?

2009!? Podemos fazer um balanço positivo, pois foi um ano repleto de realizações tanto na Arte e Literatura, ou melhor, na Cultura como um todo. Sem dúvida, estarmos juntos é de uma importância incontestável. Sozinhos, somos mais frágeis. Mas, quando podemos contar um com o outro reunimos forças para superar os maiores obstáculos. Assisti a uma entrevista do escritor uruguaio Eduardo Galeano, deixo claro que não me firmo na sua posição política, admiro sim, a sua capacidade de dizer e escrever sobre a contextualização histórica do ser humano. Escreve sobre a certeza da continuidade da paixão humana e de sermos compatriotas mesmo vivendo em países diferentes. Divaga sobre a problematização da discriminação, dominação cultural e opressão de um sobre o outro (mais frágil).

O que mais marcou foi o que disse sobre a unidade e humanidade. A tragédia foi o sacrifício de uma metade do mundo separando a justiça e na outra parte a liberdade. A GUERRA FRIA AJUDOU NESTA SEPARAÇÃO. Elas foram separadas! É necessário unir justiça e a liberdade em todo o mundo. Utopia? Não! Isto já aconteceu. Houve um povo que não dizia “Eu”. Temos que aprender sobre ser solidário e ser solitário. Um antropólogo foi estudar as línguas maias, isto aconteceu em meados da metade do século XX. Em uma assembléia de decisões cruciais para todos na aldeia maia, o antropólogo escutava uma única palavra e ela era repetida sempre como um som de chuva: Thic, Thic, Thic... Ele sabia que a palavra mais usada no mundo é a palavra “Eu”, mas, naquela aldeia cravada no interior do México a palavra mais usada desde os primórdios da civilização maia, ele traduziu como: “NÓS”.

Este ano senti a “SOLIDARIEDADE” permeando os nossos relacionamentos e agradeço a cada um de vocês por fazer parte dessa corrente do “NÓS” (maiúsculo) em detrimento do “eu” (minúsculo). Em abrir o coração para as idéias e abraçar o trabalho de cada um para o engrandecimento do TODO. Afinal, a Cultura (Literatura) não sobrevive de um só autor e de um só leitor. Finalizo com uma frase de Eduardo Galeano:

“Somos o que fazemos, mas somos, principalmente, o que fazemos para mudar o que somos.”

A TODOS OS RECANTISTAS E AOS LITERATOS PIRACICABANOS E DE TODA A NOSSA REGIÃO, QUE TANTO ENRIQUECEM A LITERATURA BRASILEIRA E TAMBÉM A MUNDIAL, COM A BELEZA DAS SUAS PALAVRAS POÉTICAS.

30/11/2009