Aos eternos amigos

A emoção

A apreensão enquanto o cobrador ajeita a bola e toma distância

A respiração na corrida, antes do chute

A fração de segundo para o pulo

A defesa

A vibração...

Foi assim que descrevia ainda no meio desse ano a defesa de um pênalti, ao conversar com um dos meus eternos amigos. Autor de um gol antológico ele pediu-me que fizesse o mesmo com tal gol, marcado na final que nos sagrou campeão. Fiz questão de dar a descrição tanto para quem vê (a minha) quanto para quem chuta (a dele).

A de quem está de fora:

O jogo está difícil, o adversário cresce

Mas Lucas Viana, o 10, disputa uma bola no meio da quadra

Parece uma bola perdida, mas confio nele, sei que vai ganhá-la

A roubada

O chute

Ela toca a trave, na gaveta

O gol

A vitória

Não pode ser real!

A do jogador:

A dividida é difícil, mas sei que todos, dentro e fora, confiam em mim

A raça e eu ganho

O chute sem olhar

E ela vai caprichosa,

Vence o goleiro,

Vence o adversário

No ângulo perfeito, é título certo, é a vitória que sorri.

Diante dessas lembranças, da injusta derrota de 2009, e do pesar em saber que ano que vem esse time não se encontra novamente, isso sem falar em ter prometido esa homenagem ao amigo Viana, resolvi que é chegada a hora.

Apesar de saber que ela sempre estará aquém do que realmente é merecido por todos eles, nunca deixarei de lembrar desse que não chamo de "time de amigos", mas sim de "grupo de amigos que se fez time".

E foi isso que nos fez um time vencedor (Nunca perdemos, diga-se de passagem). Jamais me esquecerei dos lances maravilhosos; dos gols perdidos em que mantinhamos a calma, o controle e não reclamávamos uns dos outros; Dos olhares pasmos com as próprias grandes jogadas; Dos elogios uns aos outros; Da cobrança inteligente entre os membros; Dos sorrisos; Dos olhares que indicavam sentimentos, jogadas, cobranças. . . Nunca deixarão a minha lembrança os elogios que recebemos, as críticas por inveja e por gosto também, O TÍTULO DE 2008 e cada partida jogada, cada partida VIVIDA!

Esse ano não fomos campeões, mas não há título maior que cada intervenção perfeita de Laílson "Air" Barbosa, o melhor goleiro do mundo; Cada arrancada de Vancley Simão. . .Se Euler é o "filho do vento", Vancley é O PAI DO VENTO; As perfeitas travadas e a imponência do companhero Pedro Gomes, unidas às suas essenciais idas ao ataque; A genialidade e mesmo o exibicionismo de Lucas Viana, simplesmente uma marca; Impossível esquecer do oportunismo de Pedro Fonseca; Dos passes e da incrível disciplina tática de Paulo Vitor, o único pivô realmente pivô da escola, quiçá de Rondonópolis; Dos meus gritos, minha vibração, meu trabalho como técnico e meus projetos mirabolantes. . .

E se Laílson abriu a série, todos hão de convir que nada mais justi que fechar com aquele que merece aqui um parágrafo à parte. Comparado ao eterno ídolo francês Zinedine Zidane, Lucas Leones encanta e impressiona pela perfeição nos movimentos, a técnica e habilidade com a bola nos pés, a inteligência que cativa; Aquela olhada para cima, de quem olha o lance e sabe o que está fazendo, o que vai fazer; Os dribles desconcertantes; Os chutes certeiros, perfeitos; E, por fim, a maestria digna dos monstros do futebol, da música clássica e de qualquer outro âmbito em que este caráter possa ser utilizado.

Gostaria de dizer a cada amigo que mesmo com a eliminação de 2009 nos pênaltis, na semi-final (por erro de arbitragem), mesmo com qualquer erro que possamos ter cometido, um fator me faz sentir que tudo valeu a pena: Me sinto orgulhoso de vocês! Amigos, vou parar por aqui pois as lagrimas já ameaçam surgir, principalmente quando minimizo o texto e vejo em minha tela a foto do nosso time, ou quando olho para o lado e me deparo com a medalha da nossa última conquista. Enfim, um dizer resume o que sinto pelos amigos que formaram esse time:

MUITO OBRIGADO!

P.S: Tentarei descrever poéticamente mais lances, será que o identificam?!

O momento é de concentração:

Nem a pressão do momento,

Nem os gritos depreciativos,

Nem o goleiro adversário...

Nada me tira a concentração

O chute certeiro,

A rede lateral,

A vibração

Mais uma etapa vencida!

Jogo empatado

Ele pára a bola com serenidade

O corte tímido para a direita,

Está no meio da quadra

O chute certeiro, no canto

O gol

E ele simplesmente olha para trás...

Conforme me vierem à memória, irei acrescentando...E vocês, amigos, se lembram dos lances que descrevi?