Pedra Marginal (Ao meu amigo Elton)
Nos esgotos das artes
Eu o encontrei.
Às margens dos rios fétidos da poesia,
Onde correm águas sujas, espumantes,
O que eu encontrei?
Encontrei um tesouro,
Uma pedra preciosa,
Em meio a vísceras de ratos.
Jaz contemplativo,
Com sua barba esquálida e negra,
Suas calças largas,
Com chinelos nos pés.
Não é fácil de enxergar seu brilho,
Mas brilha,
Brilha com um brilho sombrio e frio,
Um brilho extraordinário,
Mas só enxerga quem tem o dom.
Ele está lá,
Lá, nos esgotos das artes,
Tem ao seu lado outras pedras preciosas,
Ocultas aos olhos insensíveis,
Nas margens dos rios fétidos da poesia
E eu lá a aplaudi-los.