A MÃE DOS MEUS FILHOS
Eu a conheci num baile, dançamos, conversamos e principiamos um namoro que já começou firme como rocha, durando até hoje, passados mais de trinta e oito anos! ...
Rosto claro, olhos verdes, cabelos louros, porte de princesa, ela cativou-me desde o início com o seu jeito de ser e as suas atitudes decididas.
“- Ela será a mãe dos meus filhos”, eu costumava dizer aos meus botões, fazendo planos apaixonados para o futuro, pensando seriamente em casar, não obstante a minha pouca idade. Cheguei, inclusive, a dizer-lhe isso, mas ela achou foi graça, considerando-me novo (e considerando-se nova) demais para assumir tal compromisso.
O tempo passou, eu sofrendo por não ter condições materiais para concretizar meu sonho, mas como Deus é pai e faz com que as coisas sempre aconteçam na hora certa, fui promovido no emprego e transferido para São Paulo, o que acabou viabilizando meu casamento com a lourinha charmosa da Rua São Luiz Gonzaga 10, na Renascença, Belô.
Moramos oito anos em São Paulo, tivemos nossos dois primeiros filhos, Cássio e Ana Claudia, na terra da garoa e depois disso retornei a Belo Horizonte.
Após dez meses trabalhando na capital mineira, recebo um convite da “Britânnica”, a multinacional do livro para a qual prestava meus serviços, para assumir a gerência da Filial de Belém do Pará, na Amazônia.
Consultei (como sempre fiz) minha mulher e ela, com toda a objetividade do seu senso prático, respondeu:-
“- Se é para o seu progresso na empresa nós vamos. Pode contar comigo!”
Assim, começou o nosso giro pelo norte do país, depois nordeste, a seguir centro-oeste e região sul, até finalmente retornarmos, muitos anos depois, a Belo Horizonte.
Em Belém nasceu o caçula Daniel, completamos a nossa “patotinha” (como eu chamo carinhosamente a nossa família), e após dois anos descemos para o Recife, a bela e comovedora capital pernambucana.
No Recife, foram oito anos de lutas, de alegrias e de tristezas também, bons momentos, difíceis momentos, mas tudo enfrentamos juntos e sem contar com a ajuda de ninguém, exceto de Deus, nosso Pai Eterno.
Daí, a peregrinação pelo cerrado (Brasília/DF, Anápolis/GO), Belo Horizonte de novo e outro convite para retornar ao nordeste, em Fortaleza, Ceará.
Maria Mari foi à frente (os meninos, já criados, em atividades escolares), vivemos nova lua de mel à beira mar, no conforto de um hotel aprazível, até alugarmos um apartamento e construirmos o nosso ninho. Os garotos vieram depois, no período das férias, já com as transferências colegiais.
Três anos em Fortaleza, a família junta e unida, e eis que sou transferido para o extremo sul, Porto Alegre/RS, seguindo, como de costume, na frente da “patotinha”.
Nova experiência de vida, novo ambiente, novos hábitos, mas a gente sempre juntos, monitorados pelo olhar vigilante da Dona Mari.
Depois disso, São Paulo novamente por mais três anos e, finalmente, Belo Horizonte em definitivo, onde fizemos nossa casa e já estamos recebendo os nossos netos, com as bênçãos de Deus.
A você, loura sempre amada, mãe dos meus filhos, mulher da minha vida, o meu tributo de grande admiração e respeito, agradecendo a Deus por tê-la feito cruzar o meu caminho, sem o que nada disso tudo de bom que vivi teria acontecido! ...
Neves, 21/11/97 -o-o-o-o-o-