Carta de despedida

Não nos sobrou nada. Nem um alento que pudesse confortar os nossos corações e aceitar a sua partida. Todos nós sabemos da certeza da morte, mas cremos tanto na sua distância, que sua chegada consterna profundamente. Nossos olhares ficaram tristes e marejados, as nossas palavras inseguras e sem sentido na vã tentativa de explicar um ao outro que a vida é assim mesmo e não há nada que possa ser feito. Em vida, foi uma pessoa alegre e festiva. Tinha atenção de sobra aos netos e bisnetos, como se eles fossem a extensão de si mesmo. Cada sábado ou domingo que nos recebia em seu sítio era como se fosse o primeiro e seu olhar brilhava e podíamos ver nele a felicidade estampada.

Jamais nos esqueceremos de um homem bondoso, trabalhador e persistente em seus objetivos. Somente a morte foi capaz de tirar dele o desejo diário de mudar para melhor tudo que estava ao seu redor.

Hoje, quando olhamos para seu ponto de táxi na estação ou para cada canto de seu sítio, vemos nitidamente o seu olhar pacífico e sereno prenunciando um sorriso fraterno a nos receber.

Se a vida continua e ela nos privou de tua presença em nosso meio, tenha a certeza que todos nós carregaremos em nossa memória e em nossos corações cada lembrança que nos deixou. E essas lembranças são muitas e são boas. Não nos cansamos de revê-las em nossas mentes, pois somente uma pessoa tão querida e de alma tão simples e pura seria capaz de nos propiciar tantas recordações alegres.

Antonio do Carmo Pimenta foi embora. Para sempre. Resta-nos a dor da perda e a lição de vida de quem sempre teve espírito de menino e coração bondoso como suas principais qualidades.

Com os corações cheios de saudade deixamos esta última homenagem a esta pessoa simples e acolhedora que sempre nos ensinou a ver a beleza da vida.

Com saudades,

Sua esposa, filhos, netos e bisnetos.