CANÇÃO PARA ANA MARIA
Um céu claro pincela o horizonte
na tarde sublime e deslumbrante
um entardecer no pico montanhoso
silencia a lida de um dia estafante...
Quatro Marias era a fazenda alegria
quatrocentos serviçais negros a supria,
polenta com peixe no azeite de dendê,
o funzhi, negros e brancos ali repartia...
Uma encantadora menina trigueira
criada na fazenda colhendo frutos no pé,
brinca a infância simples e verdadeira
com os serviçais no terreiro de café...
Em Angola essa menina floresceu
sem perder o brilho e sem ser fútil,
andar de lambreta ali ela aprendeu
em seus dias de paz e encantos mil...
O amor puro chegou de mansinho,
chegou com uma réstia de luz no olhar
a bela mocinha de dezenove aninhos
acolhe esse amor que veio pra ficar...
Mil novecentos e setenta e seis
negro ano em que a dor a oprimiu,
a guerra os seus dias se desfez
obrigando-a a emigrar para o Brasil...
Quarenta anos de guerra passou
viu o sangue derramado dos seus
mas de tristeza nunca chorou
era feliz na infinita graça de Deus...
Este poema merecia um gran finale,
esta aprendiz de poeta não tem primazia
quis apenas homenagear uma amiga,
uma canção para “Ana Maria”...
MolyPublicado no Recanto das Letras em 10/05/2008
Código do texto: T983813
Obrigada querida amiga, vc retratou divinamente minha infância, não tenho palavras para agradecer.