Professora Claudia

De quem é essa voz?

"Convém a um leitor que está a ler um romance meu que ele seja capaz de ouvir dentro da cabeça a voz que está a dizer aquilo que ele está a ler." (SARAMAGO)

Outro dia ao fazer uma leitura de um livro infantil, deparei-me com uma situação um tanto quanto inusitada. Não era eu quem lia aquele livro. Mas como assim? Bem a coisa começou mais ou menos dessa maneira. Fui ler, em silêncio, um livro infantil no meu local de trabalho. Fiquei um pouco assustado e maravilhado com o fato novo. Havia dentro de mim, uma voz! Que não a minha! Foi estranha a situação. Pois É! Eu olhava para o livro, realizava todo movimento de uma leitura. Mas a voz que saia de dentro; não era minha. Pior era de uma mulher. Alto lá! Nada contra as mulheres. É que e essa situação adversa me desconcertou um pouco. Não sei como isso aconteceu. Olha se tem uma coisa da qual não me esquecerei jamais! É deste momento de constatação. Uma voz de outra pessoa dentro de mim. Fiquei espantado, olhei para o lado, levei a mão à boca, tentando inutilmente tapá-la. Mas confesso que gostei, pois, a pessoa a quem pertencia essa voz, havia se instalado dentro de mim com o meu consentimento. Não de forma tão conscientemente é verdade. Foi assim, meio que como uma posseira. Acredito que essa situação se deu após umas duas leituras de livros infantis (Guardadoras de Gansos e Chapeuzinho Amarelo), entre outros lidos pela professora em sala de aula. Possivelmente alguém da turma deve compartilhar dessa minha simbiose. Então como uma criança. Naquele instante entendi aquela passagem do diálogo entre o Pequeno Príncipe e a raposa sobre saudade. A clássica frase: “tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas”.

O curso já no fim, nem nos despedimos ainda, mas já estou com saudades. Estou tranqüilo porque já tenho meu consolo. Descobri a importância do trigo a balançar, como os cabelos do habitante daquele planetinha o B-612. Essa lembrança sonora, a voz da professora, Cláudia. Vou carregar pra sempre. Ela será um motivo pelo qual me sentirei um bobo a se fascinar toda vez que olhar qualquer livro infantil. Toda vez que eu me lembrar dessas leituras serei, em parte, a eterna criança que carregamos sempre dentro de nós. Com certeza muitos dos seus alunos carregarão não só a sua voz, mas muito do seu lado profissional de uma educadora que ama aquilo que faz.

Faço das minhas palavras a de todos que tiveram o prazer de ser encantado por ti. Esta é minha homenagem e todos os colegas que compartilham desse sentimento em relação à Professora Cláudia essa pessoa grandiosa, contagiante e professora fantástica. Abro ainda um espaço para colocar todas as outras pessoas que não entraram diretamente nessa dedicatória, mas que amam aquilo que faz e, portanto, sintam-se incluídos aqui. Obrigado por tudo. Que Deus te ilumine sempre nos teus caminhos e te dê muitos, muitos e muitos anos de alegria.

Ernandes de oliveira.

Ceilândia – DF, Novembro de 2008.

FACEB-CNEC

Ernandes de Oliveira
Enviado por Ernandes de Oliveira em 05/10/2009
Reeditado em 17/08/2015
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