Manuel Bandeira

Infância - saudade, morte - vida, menino - adulto amor - erotismo, doença - isolamento, uma Bandeira - Manuel. Enquanto a maioria dos poetas escreve de fora para dentro, Manuel faz versos “como quem morre”. Isso se deve ao fato dele ter sempre a morte como “parceira”, de ficar nesse “morre-não-morre” devido à tuberculose. Manuel é, com certeza, um dos maiores poetas da Literatura Brasileira.

Inicia na poesia com os livros A cinza das horas e Carnaval de herança simbolista pelo tom lírico e de parnasiana pelo aspecto formal. Depois sua expressão lírica e formal deu lugar ao verso-livre tornando-se independente de exterioridades e encontrou nisso sucesso. Seus versos têm certos requintes técnicos, mas eles estão em segundo plano e são bem mais simples dos que são usados pelos parnasianos. No poema de Manuel há uma emoção elevada usada nos pormenores da vida, no dia-a-dia chegando ao “alumbramento” como ele mesmo dizia.

Bandeira passa ao modernismo de “uma vida que poderia ter sido e que não foi” para outra que “ficava cada vez mais cheia de tudo” e como ele mesmo dizia sobre o modernismo “Pouco me deve o movimento: o que eu devo a ele é enorme. Não só por intermédio dele vir a tomar conhecimento da arte de vanguarda na Europa(da Literatura e também das artes plásticas e da música), como me vi sempre estimulado pela aura de simpatia que me vinha do grupo paulista”

Em entrevista dada a Pedro Bloch, o autor afirma “do Recife tenho quatro anos de existência consciente, mas ali está a raiz de toda a minha poesia. Quando comparo esses quatro anos de meninice a quaisquer outros quatro anos da minha vida é que vejo o vazio dos últimos”. Manuel Bandeira foi um apaixonado por Recife, mas não o Recife de agora, mas o Recife da sua infância-“Recife, mas não o que é hoje, mas como eras na minha infância”. Bandeira escreveu o poema Recife a pedido de Gilberto Freyre e o poema de encomenda deu muito certo

Para esse grande poeta o maior acontecimento de sua vida foi o texto e uma frase de sua autoria, mostra o que os brasileiros sentem por ele- “Sei, por experiência, que no Brasil todo sujeito inteligente acaba gostando de mim”. E ele realmente estava certo.