Coisas da idade
Dia 1º de outubro, dia internacional do idoso
Fui convidada a participar de um Sarau em homenagem a um grupo de Terceira Idade da minha cidade e, me solicitaram que escrevesse um texto e lêsse para os presentes, assim o fiz, segue abaixo o texto na íntegra.
Pra dar início a este texto, fui buscar algo que li da Lya Luft, no seu livro Perdas & Ganhos, que dizia o seguinte: Para entender que maturidade e velhice não são decadências, mas transformação, temos de ser preparados para isso. Dispostos a encarar a existência como um todo, com diversos estágios, variadas formas de beleza e até de felicidade. Acreditar que com cuidado e sorte poderemos ser atuantes mesmo décadas depois: isso tem de ser conquistado palmo a palmo.
Penso que a escritora foi muito feliz ao fazer essas referências, até porque ela escreveu um texto sobre: “Velhice por que não?
O que vemos hoje, aqui entre nós, senão pessoas maduras, maduras sim e vivendo ativamente, pois quem foi que disse que idade (tempo vivido) seja sinônimo de isolamento, muito pelo contrário, é a idade realmente da transformação, como diz a Lya. E essa transformação vem através de atividades que proporcione uma melhor qualidade de vida, conhecer pessoas diferentes, formar novas amizades, manter um bom relacionamento familiar, uma vida social ativa dentro da disponibilidade de cada um, respeitando a sua vontade.
Já dizia um escritor maravilhoso que li (o Laerte Santos), que ”Dentro de cada um, existe um desafio, para viver na plenitude de nossas vidas, faz-se necessário aprender a usar as coisas e amar de verdade as pessoas.” Ou seja, se vivermos rodeados por pessoas, valorizando nossos amigos, familiares, amando-os, sorrindo, vivendo harmoniosamente dentro da comunidade que estamos inseridos, não tem idade, não tem dor alguma, que faça alguém esmorecer diante do primeiro obstáculo, que possa vir a ser o tempo passado, mas hoje só envelhece mal quem assim o quer.
No último sábado estava assistindo a uma palestra sobre “Avós com açúcar”, onde a palestrante falava no relacionamento de avós, pais e netos, quando de repente ela nos fez uma pergunta: qual a diferença de um velho e um idoso? Surgiram algumas respostas das mais variadas, então ela respondeu: idoso é aquele que tem bastante idade, já o velho é aquele que não quer ter a idade que tem, portanto, o que estamos vendo nesse ambiente de festa, de comemoração, são pessoas idosas, maduras, experientes, felizes e dispostas a enfrentar todas as pedras que encontrarem pelo caminho.
E, para encerrar trago um trecho de uma história, também contada por Lya Luft: “A vida é sempre a nossa vida, aos 12 anos, aos 30 anos, aos 70. Dela podemos fazer alguma coisa mesmo quando nos dizem não. Dentro do limite, do possível, do sensato (até alguma vez do insensato), podemos. Só seremos nada se acharmos que merecemos menos de tudo que ainda é possível obter.
Clair Wilhelms — 1º/10/2009