Meu adorado pai
Quando meu pai morreu
eu tinha 11 anos de idade.
Hoje aos 54 anos ainda
o tenho em minha memória.
E creias pai ainda sinto sua falta,
suas brincadeiras e seu jeito de ser!
Vivíamos numa cidade de interior,
onde o preconceito imperava.
Para que tenham idéia,
havia o clube dos brancos
e o clube dos negros.
Papai era ruivo e logo no primeiro carnaval
os negros o convidaram ao clube deles!
Ele aceitou é claro!
E num domingo de carnaval
enquanto estávamos no clube dos brancos
os negros entraram num grande bloco
para homenagiá-lo.
Os brancos fecham o clube
e meu pai então saíu puchando o bloco.
Ele era farmaceutico e sua farmácia vivia lotada.
Certa vez entrou um negro e pediu
esparadrapo cor da pele!
E ele perguntou: - É pra você?
Claro seu Pedrinho e pra quem mais poderia ser?
Papai saiu de traz do balcão e lhe disse:
- Vá alí na loja de ferragens do Walter!
- Mas seu Pedrinho, lá eles não vendem esparadrapo.
- Eu sei, vá lá e peça fita isolante.
O negro ria muito e disse!
O senhor não vale nada!
Bem, ele acabou vendendo o esparadrapo.
e disse: - Estou te esperando lá em casa
leve o violão!
-Claro!
Nossa casa era uma eterna festa
Toda noite os negros se reuniam
lá em casa!
Pai eu me sinto muito orgulhosa
de voce, um homem sem preconceitos
e um imenso coração.
Te amo pai.
Marcia Motta