A FILHA DA DOR

LAGOA DO VIOLÃO. TORRES.

Conta a lenda, que,

Lá no alto do morro do Farol,

“Ocarapoti”, a Índia, um dia sentou,

“A flor silvestre”, inconformada

Lágrima triste, em desespero chorou.

Abominando a traição que seu peito estraçalhou

No ato lastimável de seus próprios irmãos

Que junto com seu amor, a morrer lhe condenou.

“Puiára”. O dono da música,

Com belas melodias a sua flor encantou

Compondo versos, oferecendo a quem lhe conquistou

Sem imaginar, que a outro enciumava

E que um dia a vida lhe arrebatou.

*

Foi tanto o pranto que ela derramou

Que a mãe natureza veio se apiedar

E do derrame destas lágrimas, formosa lagoa,

Como por encanto ao pé do morro, veio a se formar,

No centro, área nobre de Torres, a mais bela gravura

Que o primeiro arquiteto, a outro lugar jamais destinou.

Da tragédia, renasce a vida em todo seu esplendor,

Surgida do sofrimento, como uma doce magia,

Das lágrimas tristes de quem mais amou

Como se fosse à confirmação de um sonho

Que na realidade não se concretizou.

*

Para o não esquecimento da lenda,

Visto que seu amado era um cantador

Uma forma de violão, seu instrumento,

A divindade, fielmente ali imortalizou.

Hoje o povo de Torres orgulhosamente

Desfruta deste maravilhoso recanto,

Deslumbram-se no fascínio da lagoa

E com carinho, resguardam-na de qualquer predador

Mas não se esquece da lendária “Ocarapoti”,

Sabendo que esta beleza, é filha da dor,

E que ela soube dar ao amor, o seu real valor,

Transformando este pedacinho de Torres

Em um paraíso, lindo e encantador.

***

Elio Moreira
Enviado por Elio Moreira em 28/09/2009
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