CARTA À MINHA MÃE
Mãe, hoje eu estive olhando as orquídeas que dentre as flores, eram as que mais admiravas. Infelizmente não eram aquelas que cuidavas com tanto carinho, porque as mesmas também morreram de dor e tristeza com a tua partida. Sonhei que estavas num jardim somente de orquídeas. Era quase impossível distinguí-la das flores, tua beleza e suavidade eram de uma semelhança ímpar. Estavas com o mesmo olhar de bondade que costumeiramente, exibias. Ouvi a tua voz que falava com as mesmas, como num diálogo de humano para humanos. Percebi o quanto eras importante para aqueles seres vegetais, porque a cada gesto teu elas abriam e se tornavam ainda mais belas. Pensei que eu estivesse dormindo, mas realmente o sonho não era sonhado, mas simplesmente acordado. Foi quando notei que meus olhos estavam molhados e meu coração estava chorando. Após tantos anos de ausência, estás sempre viva ao meu lado. Lembro-me da vida humilde que tivestes, das dificuldades, do carinho que a todos dedicastes. A paz de espírito que trazias era um bálsamo para vencerdes os caminhos tortuosos que a vida te apresentava. O amor era a palavra mais importante no dicionário do teu Ser interior. Não me recordo de ver-te triste, de mau humor ou de proferir palavras que não fossem de conforto ou de paz e harmonia. Tenho tantas magníficas recordações guardadas em meu coração, que as palavras são tão pequenas e pobres para expressá-las. Pensamos que somos físicamente eternos e não nos damos conta de quão efêmera é a vida terrena. Costumamos não dar o devido valor às pessoas que nos são caras. Gostaria que voltasses para te abraçar e beijar carinhosamente todos os instantes e dizer o quanto eu te amava e te amo. Estou escrevendo após o Dia das Mães, porque a inspiração não se prende a datas programadas. Este ano Mãe, não fui ao cemitério levar-te flores porque tenho a certeza de que lá não estavas. Ao invés disto, plantei-as no jardim do meu coração em tua homenagem, assim tenho a certeza que não murcharão e ficarão eternamente floridas, viçosas e perfumadas. Sei que onde estás cultivas as orquideas que também levastes em teu espírito e lá formastes um imenso jardim, escrevendo com as mesmas a grandiosa palavra Amor. Hoje me restam as lembranças da tua maravilhosa passagem por este Planeta que tenho convicção que também chora a tua ausência. O meu conforto é dizer sempre pensando em ti e sentindo que:
A SAUDADE É BOA QUANDO A LEMBRANÇA É MELHOR.
Teu Filho
Geraldo Lustre.
16/05/2009