MARIO QUINTANA

Uma saudosa homenagem ao meu amigo de divertidas conversas, sob o sol da Rua da Praia e Pça. da Alfândega, em Porto Alegre/RS.
Naquela época, 1982/1985, o melhor que eu fazia era preencher cheques corretamente. Ele sabia.

CLAREIRAS

Se um autor faz você voltar atrás na leitura, seja de um período ou de uma simples frase, não o julgue profundo demais, não fique complexado: o inferior é ele.

A atual crise de expressão, que tanto vem alarmando a velha-guarda que morre mas não se entrega, não deve ser propriamente de expressão, mas de pensamento. Como é que pode escrever certo quem não sabe ao certo o que procura dizer?

Em meio à intricada selva selvaggia de nossa literatura encontram-se às vezes, no entanto, repousantes clareiras. E clareira pertence à mesma família etimológica de clareza... Que o leitor me desculpe umas considerações tão óbvias. É que eu desejava agradecer, o quanto antes, o alerta repouso que me proporcionaram três livros que li na última semana: Rio 1900 de Brito Broca, Fronteira, de Moysés Vellinho e Alguns Estudos, de Carlos Dante de Moraes.

Porque, ao ler alguém que consegue expressar-se com toda a limpidez, nem sentimos que estamos lendo um livro: é como se o estivéssemos pensando.

E, como também estive a folhear o velho Pascall, na edição Globo, encontrei providencialmente em meu apoio estas palavras, à pág. 23 dos Pensamentos:

"Quando deparamos com o estilo natural, ficamos pasmados e encantados, como se esperássemos ver um autor e encontrássemos um homem".

< Mario Quintana - A vaca e o hipogrifo>


DAS UTOPIAS
Se as coisas são inatingíveis... ora!
Não é motivo para não querê-las...
Que tristes os caminhos se não fora
A mágica presença das estrelas!
< Mario Quintana - Espelho Mágico>

EVOLUÇÃO
O que me impressiona, à vista de um macaco, não é que ele tenha sido nosso passado: é este pressentimento de que ele venha a ser nosso futuro.
< Mario Quintana - Caderno H >

O PIOR
O pior dos problemas da gente é que ninguém tem nada com isso.
< Mario Quintana - caderno H >

OS DEGRAUS
Não desças os degraus do sonho
Para não despertar os monstros.
Não subas aos sótãos - onde
Os deuses, por trás das suas máscaras,
Ocultam o próprio enigma.
Não desças, não subas, fica.
O mistério está é na tua vida!
E é um sonho louco este nosso mundo...
< Mario Quintana - Baú de Espantos >



*Mario de Miranda Quintana nasceu na cidade de Alegrete (RS), no dia 30 de julho de 1906. Aprendeu a ler aos 7 anos, tendo como cartilha o jornal Correio do Povo.
Faleceu, em Porto Alegre, no dia 5 de maio de 1994, próximo de seus 87 anos.
Tânia Alvariz
Enviado por Tânia Alvariz em 20/09/2009
Reeditado em 23/09/2009
Código do texto: T1821872
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