Deleite Sagrado.
Deleite Sagrado.
Quero falar de um ser especial, diferenciado desses que vem ao mundo e deixa um legado de que a vida pode ser vivida com respeito, com dignidade, com amor.
Tinha ela todos os motivos para ser rancorosa, amarga, triste, desanimada, descrente de tudo e de todos.
Apesar de viver uma vida pobre financeiramente, era extremamente rica, que até mesmo a ciência, com toda sua sapiência ainda não chegaram a uma conclusão de pessoas que vivem o sobrenatural, o que chamamos de impossível, o inexplicável.
Viver uma vida de conforto de não ter necessidades financeira, de olhar seu celeiro e escolher o que deseja comer, cada dia ter um cardápio a seguir, ter servo para que peça que ele venha e ele vem que busquem estar ali ao seu dispor. Quando se tem essas condições, é mais fácil, O diferencial está em não tendo as condições humanas, e mesmo assim SER capaz de uma resposta diferente, Olhar para o celeiro e vê-lo vazio com sete filhos e crer que do nada Deus criou tudo, que ele faz brotar o rio no ermo, quando se crê... Ele supre. Como disse Davi: os filhos dos leões necessitam e passam fome, mas aqueles que confiam em Deus de nada têm falta. Para uns parece loucura, pode achar que o seu Deus é o seu poder, seu dinheiro, seja ele político, seja financeiro, mas nenhum desses era o caso dessa mulher, e com sua criatividade, buscada na divindade, ia vivendo a cada dia, superando suas dificuldades. Nunca teve lugar naquele coração para revolta, ira seus amigos não a chamam de amarga, eles a chamam de alegria. Tem um rosto amaciado delicado pela alegria que impressiona sorriso alegre que formoseia aquele rosto. Sua comida era pouca, regrada, mas sempre que chegava coloca tudo na mesa, e incrível podia comer, nunca terminava, as misturas eram até engraçadas: arroz bem soltinho, feijão cozido na hora um cheiro mágico, mamão afogadinho, abobrinha refogada, quiabo, salada de almeirão cortado bem fininho, com cebola,e tomates que banquete, nunca negava nada, a visita era sempre prioridade, seus filhos foram educados ao pés dessa mãe, dessa divinal criatura, com graça, perguntando para ela sobre a vida ela sempre dizia: “Eu tenho tudo que preciso para ser alegre”. Nesse período já havia feito mais de 18 cirurgias, seus rins quase paralisando, mas estava vencendo as tragédias sem perder a doçura. Li também sobre a vida de um homem que tinha as mais diversas razões de ser amargo triste, deprimido, miserável, e mesmo assim foi alegre.
Diz a história que ele morava em um palácio. Dispunha de muitos servos, e um estalar de dedos mudava o curso da história. Seu nome era conhecido e amado. Ele tivera toda riqueza, poder, e respeito. E agora, ele não tinha nada.
Como explicar certas coisas? Como explicar aqueles que sem ter nada sente ter tudo? Como explicar pessoas que ainda que as coisas estejam indo de mal a pior nunca tomaram um comprimido para dormir, que fé é essa? Mesmo o celeiro vazio ainda é capaz de orar? Um grande homem do passado chamado Jorge Miller tomava conta de um orfanato com centenas de órfãos e inúmeras foram as vezes que não se tinham nada para comer e ele pedia que as crianças sentassem em volta da mesa e oravam mesmo não tendo nada, agradecendo a provisão de Deus, e inúmeras foram as vezes que enquanto orava, o alimento chegava, confiava que Deus era capaz de cuidar dos pássaros que não plantava, mas todos os dias tinham alimentos, para eles alimentarem, assim ele aprendeu a confiar. Que ele era superior aos animais. Como explicar essas atitudes, esses fatos? Como negar tamanha beleza, que contagia no rosto dessas pessoas? Como poderia chamá-los?
Chamarei de: Deleite Sagrado se é Sagrado é porque não é terreno, se é sagrado é divino, e essa alegria não é outra coisa a não ser divina. É a alegria que excede toda dor, toda compreensão humana, que vence a dor, que vence a morte.
Deleite é: ver aquelas cenas das mulheres magras da África amamentando seus filhinhos...
Deleite é: olhar a erva brotar no campo depois das chuvas que rolam sobre a fase da terra.
Deleite é: um trabalhador receber um salário mínimo e mesmo assim abençoar, o seu salário. Pedir multiplicação.
Deleite é: depender de que nada irá te faltar. É descansar em Deus.
Deleite é: ter alegria no rosto.
Deleite é: orar pelo pão nosso de cada dia.
Deleite é: beijar o filho todos os dias e abençoá-lo dizendo você é o fruto do amor.
Deleite é: pais e filhos se abraçando, se perdoando.
Deleite é: as pessoas não somente falando de paz, mas deixando a violência e se rendendo ao amor de Deus, amando o próximo como a si mesmo.
Deleite é: ter paciência de esperar aquilo que ainda não aconteceu, aquilo que ainda não deu certo, mas sem perder a graça sem perder a doçura.
Deleite é: Não encher a cabeça de tantas culpas.
Se for Deleite é Sagrado, se é Sagrada é a bondade de Deus que invade a vida que faz brotar, faz saltar como os rebentos nas estrebarias, e faz a vida ter gosto de vida.
Finalizando esse artigo menciono o nome da pessoa, desse ser humano, desse milagre de Deus que me inspirou a escrever. Seu nome Tia Carolina, amorosamente chamada de Tia Nena... Você é a expressão mais linda não só de palavras, mas de testemunho de ações, de fé de esperança, de amor que a vida me fez conhecer, Talvez seja essa vontade que mesmo em meio a dor ao sofrimento que te confina a esse leito, mesmo não podendo mais levantar, e nem mesmo falar, mas até o seu silencio fala, Sua vida, continua falando. Termino aqui dizendo a minha expressão de deleite que sou acostumado a te saudar bença tia Nena. E nessa expressão ouço o Sagrado responder Deus te abençoe meu filho. O leitor, perplexo, em busca de uma certeza final, perguntaria: “Mas e Deus , existe? A vida tem sentido? O universo tem uma face? A morte é minha Irmã”, ao que a alma religiosa só poderia responder: Não sei eu desejo ardentemente que assim seja. E me lanço inteira. Porque é mais belo o risco ao lado da esperança que a certeza ao lado de um universo frio e sem sentido...( Rubem Alves).
Dr. J.F.Alvarez 8/8/2009