A procura do prefácio
A procura do prefácio
Jorge me pede que escreva um prefácio para o livro que ele escreveu homenageando sua filha Luisa. O livro é muito bonito, pois,além do texto, o autor colocou lindas fotos da homenageada. O livro tem por título “ Luisa:Nem os deuses explicam”. Sendo assim, iniciei o texto do seguinte modo: Em busca do prefácio –Só uma criança explica, quando nem os deuses podem fazê-lo.
Escrever não é uma arte, mas um exercício permanente; exercitar-se na escrita é transformá-la em arte. Onde o paradoxo? Não sei se existe. Pascal dizia que a última coisa que se decide ao escrever um livro é o que se deve colocar primeiro.
O escritor, muitas vezes pensa um tema, desenvolve-o mentalmente e, quando resolve escrever, as palavras compõem as frases com extrema facilidade; naturalmente, quanto maior o espírito, maiores as paixões. Daí, o interesse de se contar os casos, as histórias vivenciadas e as grandes paixões.
Muitos profissionais de sucesso procuraram registrar suas experiências, colocando em livro observações curiosas; muito me agradaram os Retalhos da vida de um médico de Fernando Namora e outros como o neurologista Oliver Sacks, que escreveu um livro sobre casos curiosos da neurologia, dando-lhe um título infantil: “O homem que confundiu sua mulher como um chapéu” - em que conta histórias excêntricas, que acompanhou na vida clínica. Lembro-me de ter falado a Alfredo Tranjan – você deve colocar sua experiência dos tribunais em livro, pois, será uma contribuição importante ao imaginário do Direito; assim, com o estímulo da família, nasceu “A Beca Surrada” contando as histórias bizarras de meio século no foro criminal. Como Namora, Sacks, Tranjan e tantos outros, Jorge, médico de sucesso, com seu espírito crítico e observador, escreveu vários livros, que vêm refletindo sua caminhanda junto às centenas de pessoas que buscam ouvi-lo. Assim, nasceram muitos de seus livros, dos quais destaco “Religião: O nó Crítico – dedicado aos descrentes, hereges, agnósticos, ateus e aos que ousaram pensar e mostrar a cara de forma materialista dialética”.
Retorno a Pascal sem comentá-lo: “ O homem é naturalmente crédulo, incrédulo, tímido, temerário”. Deixo o Século XV e retorno ao presente, e volto a falar de Jorge e do seu mais recente livro movido pela paixão, ratificando Pascal – “Quanto maior o espírito, maiores as paixões” – daí, Luisa: Nem os Deuses Explicam.
Lembro-me de uma reunião no auditório do Bangu Atlético Clube, com plenário composto de um grande número de pessoas de todas as idades, em que falando sobre a Cosmogênese de 12 bilhões de anos atrás, passando por Hiroshima e Nagasaki, chegando ao 11 de setembro, Jorge coloca um vídeo, onde um anjo moreno, de sorriso resplandecente leu um texto do Pastor Martin Luther King Premio Nobel da Paz de 1964 – era Luisa, que em toda sua graça repetia: “Quando permitirmos o sino da liberdade repicar em todas as moradias e vilarejos, em todas as cidades, será o prenúncio de que todas as crianças de Deus, homens, independente da cor da pele, raça e credo, poderão dar-se as mãos e cantar o velho spiritual negro: Livre afinal, Livre afinal. Era o milagre da palavra, era o milagre de Luisa, era a vitória do Pastor vitimado pela incompreensão dos seus conterrâneos em 1968.
Luisa, a filha de Lucia e Jorge guarda um nome importante na história das mulheres, tendo servido de inspiração a historiadores, poetas, e compositores. Lembramos o papel importante de Luisa da Áustria, que se tornou Imperatriz ao casar-se com Napoleão; também lembramos outras Luisas, como a que inspirou Tom Jobim para uma das mais belas músicas brasileiras. Não esqueço a Luisa cantada em poema de Carlos Drumond de Andrade, que transformou um poema em notícia de jornal, ou o contrário.
O Livro de Jorge é todo amor e poesia; eu o louvo e recomendo àqueles carentes de afeto, aos que não têm coragem de declarar seu amor e até aos que não se amam, ou mesmo aos que se odeiam, pois, como diria Pascal, o paradoxo é necessário.
E após esses breves comentários comemorando um livro e homenageando a Lucia, Jorge – o autor, e sua querida homenageada e sublime inspiração, dedico um poema à pequena Luisa:
Poema para Luisa
Como a flor que encanta um jardim,
Compondo um cenário de beleza e paz,
Segue Luisa colorindo a infância,
Fazendo muito, por quem muito faz;
Mostra caminhos do mundão sem fim,
A alegria em vez da intolerância,
Verdade, Amor, Paixão e muito mais:
Um hino à vida junto de seus pais!
Abrantesjunior – Agosto de 2008