QUINZE ANOS
Ela se fez sonho e se perdeu na noite. Vestiu o orvalho nos cabelos, calçou pétalas de rosa nos pezinhos delicados e cravejou o corpo com estrelas douradas.
Andou... ou, antes, levitou por nuvens, sóis, galáxias e o Universo inteiro se quedou encantado. Ela encontrou o vento que corria célere. E o vento fez-se brisa para brincar com seu sorriso. Ela encontrou a chuva que caia tormentosa. E a chuva fez-se lágrima para correr em suas faces. A lua a encontrou também e estava triste. E a lua derramou seu luar para acalentar seu coração enamorado.
A natureza inteira lhe rendeu homenagens. Nem mesmo a brutalidade mistificada em forma humana resistiu ao seu encanto...
E a madrugada a encontrou ainda bela. A formosura matinal do seu semblante despertou a passarada adormecida e as flores invejaram seu perfume. Em correria louca surge o rei da natureza. O sol dormia enquanto ela reinava. Aborrecido agora se mistura com as nuvens. A sua zanga nublou toda a paisagem.
Ela sossega seu passeio infinito e deixa sua mão pousar docemente sobre o sol. E sua voz se eleva maviosa. É a voz do amor : ela está apaixonada.