TRIBUTO À CLARICE LISPECTOR

FOTO de Bob Menezes
Modelo Ingrid Ventura 

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Clarice, uma mulher independente, imaginativa e de temperamento impulsivo, de uma clareza de sentimentos envoltos em grande ternura.

De vez enquando, excessivamente lúcida em seus silêncios subentendidos.

Ao desvelar sua alma em seus escritos, podia-se pinçar momentos de sua própria vida nas entrelinhas.
Sem se importar com o que realmente era, e achando que era pouco e fazia pouco, descobre-se uma lutadora por si e pelos outros...
Um lado intuitivo apuradíssimo a fez ser comparada a uma intelectual, nada disso...! Na realidade, uma pessoa cujo coração bate de alegria levíssima quando consegue em uma frase dizer alguma coisa sobre os seres humanos ou os animais.
No olhar, um mistério que a acompanhou durante toda sua vida, junto a sua fé inabalável na existência de um ser divino.
Se escrevia era para manifestar sua grande vontade de viver!

Clarice por Clarice:
“Há três coisas para as quais eu nasci e para as quais eu dou minha vida. Nasci para amar os outros, nasci para escrever, e nasci para criar meus filhos. O ‘amar os outros’ é tão vasto que inclui até perdão para mim mesma, com o que sobra. As três coisas são tão importantes que minha vida é curta para tanto. Tenho que me apressar, o tempo urge. Não posso perder um minuto do tempo que faz minha vida. Amar os outros é a única salvação individual que conheço: ninguém estará perdido se der amor e às vezes receber amor em troca...”

Tentar interpretar seus pensamentos, diziam alguns, não era algo fácil... Suas linhas estão impregnadas de "senhas e chaves", e apenas algumas poucas pessoas tinham a chance de conhecê-la realmente.

Após conhecer um pouco mais sobre sua obra e vida, posso dizer que Clarice foi uma mulher que buscava sua realização até seus quase 57 anos e sem dúvida, hoje ainda, simplesmente ela é um fenômeno da nossa literatura.

Grazie, pelas inspirações despertadas em mim...
DF, 18/07/2009