Navios e Pianos
Olho a linha do horizonte e vejo o navio, que se afasta lentamente; não acredito que àquela velocidade, possa chegar a algum lugar; tanto chega, que Cabral com aquelas caravelas movidas a nada, conseguiu afastar-se tanto do caminho das Índias, que chegou ao Brasil. Deve ter sido uma sensação muito estranha, avistar uma terra fora do mapa, embora dentro da lógica das pessoas sensatas; depois de tantos dias de navegação, sentindo o mar como um caminho sem volta, avistar terra... Olho a linha do horizonte e vejo que o navio se afasta lentamente, repito, como se estivesse parado. Por isso, muita gente escolhe os navios turísticos, que permitem a apreciação detalhada do nada! Agora descobri, o que faz Frederik Franciszek Chopin, que completará 200 anos em 2010, diante do mar da Praia Vermelha...Fica apreciando os navios nas suas preguiças, enquanto sua alma erra pelos noturnos da vida, fazendo a crítica dos que lhe seguem os passos (?) pelos teclados do mundo. Comecei falando de navios e terminei com piano; a analogia se refere à imagem extraordinária do instrumento diante do mar e, também, afundando no mar, dando-nos uma terrível sensação de perda; imagens do filme de Jane Campion, vencedor da Palma de Ouro em Cannes em 1993.