Para Elisa
Querida Professora,
Todos os poemas de amor são ridículos, disse o poeta.
E quanto aos poemas de homenagem? Poderíamos dizer o mesmo.
Qualquer homenagem escrita tende a ser ridícula. Ridícula e até falsa. Porque a palavra não tem espaço para conter a verdade. Nunca teve.
Assim, dizer “eu te amo” nada mais é que a expressão da intenção de algo de difícil explicação, do qual só se sabe ser bom.
As declarações de amor são falsas não porque queiram assim ser, mas porque são a xerox do invisível.
E as homenagens? São falsas? É claro que sim. Nelas não cabem a lembrança precisa e exata de um olhar terno, de um sorriso sincero, do prazer que se sentiu em ensinar ou aprender algo novo... de uma lágrima...
Então pensamos em algo extremamente ridículo e falso pra dizer à nossa professora. Algo pronto, sem improviso e sem espontaneidade, que possa ser bastante falso e piegas, como uma oração, como uma canção, como um livro, como um passeio no museu e no parque, como um chope no bar, como um beijo na testa, como um abraço amigo, como uma confissão, como uma partilha de opiniões, como uma conclusão sobre o outro, como se pôr no lugar do outro, como um diálogo de verdade – e não os costumeiros monólogos intercalados – , como dirigir palavras amigáveis ao outro, como levantar feliz numa manhã de sábado, sabendo que aquele será, sem dúvida, um dos momentos mais prazerosos da sua semana, tomar um café, pegar o ônibus e ir parar numa sala de aula e ouvir uma mulher que nada tem a contar a não ser aquilo que temos certeza de que não poderíamos ficar sem ouvir, aquilo que muitas vezes já sabemos, mas estava escondido, embrulhado nos cobertores asfixiantes do senso-comum, uma mulher que está ali como um café forte que força os olhos a se abrirem, como um chá amargo pra lembrar que o mundo é amargo, como um pudim pra lembrar que a vida é doce, como uma ave acolhedora com canções de ninar trazidas de variadas culturas, de suas variadas experiências onde nem sempre ouviu música suave, como uma menina que sabe sempre um pouco mais que as colegas mas não é exibida.
Mas esses nossos momentos não tem nada de mais, pois tudo é história mesmo... Eles não passam então de momentos históricos e inesquecíveis.
para a professora Maria Elisa Carvalho Bartholo