GOFFREDO DA SILVA TELLES JUNIOR, UM EXEMPLO A SER SEGUIDO
GOFREDO DA SILVA TELLES JR, UM EXEMPLO A SER SEGUIDO
Aos que questionaram, estes dias , quem seriam os meus ídolos, lamento informar que não tenho ídolos, tenho referências. E minhas referências estão longe de serem idolatradas, embora sejam respeitadas por muitos.
Goffredo da Silva Telles Junior teve uma vida ilibada, pautada pelos seus principios éticos e morais. Foi um dos baluartes na luta pela democracia em nosso país.
O jurista Goffredo Carlos da Silva Telles, 94 anos, morreu na noite desse sábado em São Paulo. Ele foi o autor da "Carta aos Brasileiros", documento decisivo no processo de abertura democrática do Brasil. As informações foram divulgadas pela Globo News.
Casado com a escritora Lygia Fagundes Telles, Goffredo também lecionou direito na Universidade de São Paulo (USP) durante quase 45 anos. Mas, ao completar 70 anos, teve que se aposentar por força de lei. Pouco antes, foi honrado com o título de professor emérito da USP pelo voto unânime do Conselho Universitário.
Ainda assim, continuou a dissertar sobre a Disciplina da Convivência Humana para grupos de estudantes em seu próprio escritório.
Deixa um legado digno de ser exemplo para todos.
Duvido, infelizmente que lhe dediquem um globo repórter ou coisa parecida, mas o seu legado ficará para sempre gravado na história de nosso país.
Segue abaixo a biografia deste grande brasileiro e a "Carta aos Brasileiros"
Minha solidariedade aos familiares e amigos.
Jorge Linhaça.
Goffredo da Silva Telles Junior
Apontamentos biográficos:
Nasceu em 16 de maio de 1915, no centro da Cidade de São Paulo.
Fez o Curso Primário no Liceu Franco-Brasileiro (atual Liceu Pasteur); o Curso Secundário no Ginásio São Bento; e o Curso Superior na Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP). Formou-se em 1937.
Foi advogado militante a vida inteira.
Em 1941, conquistou o título de Livre-Docente de sua Faculdade. Em junho de 1954, conquistou a Cátedra de Introdução à Ciência do Direito. Tornou-se Professor Titular dessa disciplina.
Lecionou, com dedicação e amor, durante quase 45 anos. Exerceu diversos cargos na Direção da Faculdade. Foi Representante da Congregação dos Professores no Conselho Universitário da USP (1972/1974). Foi o Primeiro Chefe do Departamento de Filosofia e Teoria Geral do Direito de sua Faculdade. Foi Organizador e Coordenador dos Cursos de Pós-Graduação.
É muito amigo dos estudantes. Sempre esteve estreitamente ligado ao Centro Acadêmico XI de Agosto e a estudantes de diversas outras agremiações.
Em 1985, ao atingir 70 anos de idade, foi aposentado compulsoriamente, por força de lei. Prosseguiu, porém, ante numerosos grupos de estudantes, em seu próprio escritório, a dissertar acerca dos princípios fundamentais da Disciplina da Convivência Humana.
Após sua aposentadoria, o Conselho Universitário da USP lhe conferiu o excelso título de PROFESSOR EMÉRITO.
Sempre foi um lutador incansável pelo Estado de Direito, pelos Direitos Humanos, pelas Liberdades Democráticas e pelos direitos dos trabalhadores. Com 17 anos de idade, em 1932, foi soldado, na Revolução Constitucionalista de São Paulo.
Em 1946, foi Deputado Federal Constituinte. Permaneceu na Câmara dos Deputados até 1950. Durante seus cinco anos no Poder Legislativo, participou de grandes campanhas. Foi ardoroso defensor da Amazônia, contra a invasão política de potências estrangeiras: combateu, por exemplo, o Instituto Internacional da Hiléia Amazônica, e logrou a extinção dessa anomalia. Ansioso por retomar as fainas de sua missão na Faculdade de Direito, não quis se recandidatar.
Foi Conselheiro do Conselho Penitenciário do Estado de São Paulo, durante quase trinta anos. Foi membro do Conselho Consultivo da Ouvidoria da Polícia do Estado. Foi contemplado com o Diploma de Sócio Colaborador da Sociedade Brasileira de Criminologia e Ciência Penitenciária. Em 1957, foi Secretário da Educação e Cultura da Prefeitura de São Paulo, logrando salvar de extinção a rede de Escolas do Ensino Primário.
Foi Sócio Fundador do Instituto Brasileiro de Filosofia, criado pelo Prof. Miguel Reale. Foi Presidente do Conselho Pedagógico da Escola de Governo, criada para a formação de governantes. Foi Membro da Comissão de Ética, da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SPBC). Foi Presidente da Associação Brasileira de Juristas Democratas, consultora do Conselho Econômico e Social da ONU e da UNESCO.
Participou dos trabalhos de Fundação da ACADEMIA PAULISTA DE DIREITO. É sócio fundador do MUSEU LASAR SEGAL. É Membro Honorário da ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS JURÍDICAS.
Em 1959, publicou Lineamento de uma Constituição Realista para o Brasil; e, em 1963, Lineamentos de uma Democracia Autêntica. Por iniciativa sua, e com sua decidida colaboração, o Instituto dos Advogados de São Paulo, em 1966, redigiu e ofereceu ao Governo um Anteprojeto de Constituição, que foi publicado nos Anais da Assembléia Legislativa do Estado. Nessa ocasião, o jornal O Estado de S. Paulo publicou três alentados artigos de sua autoria, intitulados Por uma Nova Constituição.
Na noite de 8 de agosto de 1977, em plena vigência da ditadura militar, lançou sua famosa CARTA AOS BRASILEIROS, de repúdio das ditaduras em geral, e de exaltação do “Estado de Direito já”. Este célebre documento se tornou marco decisivo no processo de abertura democrática no País.
Em 1978, num Simpósio do Jornal O Estado de S. Paulo, apresentou um trabalho sobre A Doutrina da Segurança Nacional. Em 1983, no Congresso Nacional dos Advogados Pró-Constituinte, compareceu com a tese Abrangência dos Direitos Humanos.
Em novembro de 1986, presidiu a Conferência Internacional sobre a Dívida Externa dos Países em Desenvolvimento. Pronunciou o discurso de abertura, com circunstanciada exposição do tema da Conferência.
No Plenário Pró-Participação Popular na Constituinte e em nome de centenas de entidades representativas da sociedade civil, dirigiu ao Governo, em 1988, sua Carta dos Brasileiros ao Presidente da República e ao Congresso Nacional, clamando por uma Assembléia Nacional Constituinte, autônoma e soberana, aberta aos apelos do povo. Em nome das mesmas entidades, leu, em sessão pública, no Salão Nobre da Faculdade de Direito, em Setembro de 1993, sua SEGUNDA CARTA AOS BRASILEIROS, em defesa da Constituição.
Escreveu quatorze livros principais, todos dedicados aos temas fundamentais do Direito, da Filosofia, da Política e da Biologia. Redigiu onze longos verbetes da Enciclopédia Saraiva do Direito. Seu livro A Folha Dobrada é obra premiada pela Academia Brasileira de Letras.
Foi pioneiro, em 1970, na denúncia da íntima conexão da Ética com a Biologia Celular (artigo O Direito Quântico em 1970; livro O Direito Quântico em 1971, e o livro Ética: do Mundo da Célula ao Mundo dos Valores em 1978).
Em 1983, foi agraciado com a Vénera do Mérito Jurídico, concedida por aclamação dos juristas do Instituto de Divulgação do Direito Privado, do Oriente de São Paulo.
Em 1985, recebeu o título de Sócio Benemérito do Instituto dos Advogados de São Paulo. Em 1987, foi condecorado com o Diploma de Honra e a láurea de Advogado Símbolo, pelo Conselho Paulista da Ordem dos Advogados Brasileiros. Em 1989, foi vencedor do Prêmio Moinho Santista, na área das Ciências Jurídicas. Em 1989, foi contemplado com o Prêmio Waldemar Ferreira, da Academia Internacional de Direito e Economia.
Em 1997, foi condecorado pelo TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE SÃO PAULO, com o COLAR DO MÉRITO JUDICIÁRIO. Nesse mesmo ano, o Centro Acadêmico XI de Agosto lhe concedeu o Prêmio XI de Agosto, em comemoração do 20º aniversário da CARTA AOS BRASILEIROS.
Em 2002, foi condecorado pelo Instituto dos Advogados de São Paulo, com a Medalha e o Prêmio Barão de Ramalho ; foi homenageado com a publicação de número especial da REVISTA DA ASSOCIAÇÃO DOS ADVOGADOS DE SÃO PAULO ; foi homenageado pela Associação dos Antigos Alunos da Faculdade de Direito, com a fixação, em coluna do Páteo das Arcadas da Faculdade, de placa de mármore, com dizeres da CARTA AOS BRASILEIROS. Nesse ano, foi eleito MEMBRO HONORÁRIO da Academia Brasileira de Letras Jurídicas.
Em 2003, a Diretoria da Faculdade de Direito (USP) lhe concedeu o Prêmio Spencer Vampré, por sua “inestimável ajuda”.
Em 2004, a Ordem dos Advogados do Brasil (Comissão dos Direitos Humanos) lhe concedeu o Prêmio Franz de Castro de Direitos Humanos.
Em 2006, o Tribunal Regional do Trabalho (2ª Região) lhe outorgou a Grã-Cruz da Ordem do Mérito Judiciário do Trabalho. Nesse mesmo ano, o Centro de Históia da Ciência e a Universidade de São Paulo o honraram com uma Homenagem Especial por sua dedicação à Pesquisa e à Docência em prol do Desenvolvimento do País.
O Governo do Distrito Federal o condecorou com a Comenda da Ordem do Mérito de Brasília. Foi honrado com sua inscrição na Ordem do Mérito Infante D. Henrique e com sua nomeação de Sócio Honorário do Real Gabinete Português de Leitura. É Professor Honoris Causa da Faculdade de Direito de Itu. Foi declarado Membro Honorário da Academia Santista de Letras. A Congregação da Faculdade de Direito de Bragança Paulista o condecorou com a Medalha de Honra ao Mérito. O Centro Acadêmico João Mendes Junior, da Faculdade de Direito Mackenzie o contemplou com o Diploma de Mérito.
Em 5 de outubro de 1988, dia da promulgação da Constituição do Brasil, o Professor, com alguns de seus estudantes, criou o Círculo das Quartas-Feiras.
Apontamento final: O Professor Goffredo é agricultor. Com Maria Eugenia, sua mulher (advogada, como ele), é proprietário da Fazenda Aleluia, de cana de açúcar e florestas, situada no Município de Araras (SP). A Câmara Municipal desse Município lhe conferiu o título de Cidadão Ararense.
Obras Principais do Professor:
O DIREITO QUÂNTICO – Ensaio sobre o Fundamento da Ordem Jurídica – Editora Juarez de Oliveira, 8ª ed., 2006.
ÉTICA – Do Mundo da Célula ao Mundo dos Valores – Editora Juarez de Oliveira, 2ª ed., 2004.
A CRIAÇÃO DO DIREITO – Editora Juarez de Oliveira, 2ª ed., 2004.
INICIAÇÃO NA CIÊNCIA DO DIREITO – Editora Saraiva, 3ª ed., 2006.
PALAVRAS DO AMIGO AOS ESTUDANTES DE DIREITO – Editora Juarez de Oliveira, 2003.
ESTUDOS – Editora Juarez de Oliveira, 2ª ed., 2005.
ONZE VERBETES NA ENCICLOPÉDIA SARAIVA DO DIREITO.
A FILOSOFIA DO DIREITO (dois volumes) – Editora Max Limonad, 1967.
TRATADO DA CONSEQÜÊNCIA – Curso de Lógica Formal – Editora Juarez de Oliveira, 6ª ed., 2003.
O POVO E O PODER – Editora Juarez de Oliveira, 2ª ed., 2006.
RESISTÊNCIA VIOLENTA AOS GOVERNOS INJUSTOS – Revista da Faculdade de Direito (USP), 1955.
A CONSTITUIÇÃO, A ASSEMBLÉIA CONSTITUINTE E O CONGRESSO NACIONAL – Editora Saraiva, 1986.
SISTEMA BRASILEIRO DE DISCRIMINAÇÃO DE RENDAS – Imprensa Nacional, 1946.
JUSTIÇA E JÚRI NO ESTADO MODERNO – Empresa Gráfica da Revista dos Tribunais, 1938.
A FOLHA DOBRADA – Lembranças de um Estudante – Premiado pela Academia Brasileira de Letras: “Prêmio Senador José Ermírio de Moraes”, “Prêmio Clio de História, 2000”, da Academia Paulistana de História. “Prêmio Ivan Lins de Ensaio, Hors Concours”, da Academia Carioca de Letras – Editora Nova Fronteira ; 2ª ed., 2005.
CARTA AOS BRASILEIROS – 1977. Editora Juarez de Oliveira, 2007.
Site: www.goffredotellesjr.adv.br
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Carta aos Brasileiros / Goffredo Telles Júnior
Das Arcadas do Largo de São Francisco, do “Território Livre” da Academia de Direito de São Paulo, dirigimos, a todos os brasileiros esta Mensagem de Aniversário, que é a Proclamaçõo de Princípios de nossas convicções políticas.
Na qualidade de herdeiros do patrimônio recebido de nossos maiores, ao ensejo do Sesquicentenário dos Cursos Jurídicos no Brasil, queremos dar o testemunho, para as gerações futuras, de que os ideais do Estado de Direito, apesar da conjuntura da hora presente, vivem e atuam, hoje como ontem, no espírito vigilante da nacionalidade.
Queremos dizer, sobretudo aos moços, que nós aqui estamos e aqui permanecemos, decididos, como sempre, a lutar pelos Direitos Humanos, contra a opressão de todas as ditaduras.
Nossa fidelidade de hoje aos princípios basilares da Democracia é a mesma que sempre existiu à sombra das Arcadas: fidelidade indefectível e operante, que escreveu as Páginas da Liberdade, na História do Brasil.
Estamos certos de que esta Carta exprime o pensamento comum de nossa imensa e poderosa Família – da Família formada, durante um século e meio, na Academia do Largo de São Francisco, na Faculdade de Direito de Olinda e Recife, e nas outras grandes Faculdades de Direito do Brasil – Família indestrutível, espalhada por todos os rincões da Pátria, e da qual já saíram, na vigência de Constituições democráticas, dezessete Presidentes da República.
1. O Legal e o Legítimo
Deixemos de lado o que não é essencial.
O que aqui diremos não tem a pretensão de constituir novidade. Para evitar interpretações errôneas, nem sequer nos vamos referir a certas conquistas sociais do mundo moderno. Deliberadamente, nada mais diremos do que aquilo que, de uma ou outra maneira, vem sendo ensinado, ano após ano, nos cursos normais das Faculdades de Direito. E não transporemos os limites do campo científico de nossa competência.
Partimos de uma distinção necessária. Distinguimos entre o legal e o legítimo.
Toda lei é legal, obviamente. Mas nem toda lei é legítima. Sustentamos que só é legítima a lei provinda de fonte legítima.
Das leis, a fonte legítima primária é a comunidade a que as leis dizem respeito; é o Povo ao qual elas interessam – comunidade e Povo em cujo seio as idéias das leis germinam, como produtos naturais das exigências da vida.
Os dados sociais, as contingências históricas da coletividade, as contradições entre o dever teórico e o comportamento efetivo, a média das aspirações e das repulsas populares, os anseios dominantes do Povo, tudo isto, em conjunto, é que constitui o manancial de onde brotam normas espontâneas de convivência, originais intentos de ordenação, às vezes usos e costumes, que irão inspirar a obra do legislador.
Das forças mesológicas, dos fatores reais, imperantes na comunidade, é que emerge a alma dos mandamentos que o legislador, na forja parlamentar, modela em termos de leis legítimas.
A fonte legítima secundária das leis é o próprio legislador, ou o conjunto dos legisladores de que se compõem os órgãos legislativos do Estado. Mas o legislador e os órgãos legislativos somente são fontes legítimas das leis enquanto forem representantes autorizados da comunidade, vozes oficiais do Povo, que é a fonte primária das leis.
O único outorgante de poderes legislativos é o Povo. Somente o Povo tem competência para escolher seus representantes. Somente os Representantes do Povo são legisladores legítimos.
A escolha legítima dos legisladores só se pode fazer pelos processos fixados pelo Povo em sua Lei Magna , por ele também elaborada, e que é a Constituição.
Consideramos ilegítimas as leis não nascidas do seio da coletividade, não confeccionadas em conformidade com os processos prefixados pelos Representantes do Povo, mas baixadas de cima, como carga descida na ponta de um cabo.
Afirmamos, portanto, que há uma ordem jurídica legítima e uma ordem jurídica ilegítima. A ordem imposta , vinda de cima para baixo, é ordem ilegítima . Ela é ilegítima porque, antes de mais nada, ilegítima é a sua origem. Somente é legítima a ordem que nasce , que tem raízes, que brota da própria vida, no seio do Povo.
Imposta, a ordem é violência. Às vezes, em certos momentos de convulsão social, apresenta-se como remédio de urgência. Mas, em regra, é medicação que não pode ser usada por tempo dilatado, porque acaba acarretando males piores do que os causados pela doença.
2. A Ordem, o Poder e a Força
Estamos convictos de que há um senso leviano e um senso grave da ordem.
O senso leviano da ordem é o dos que se supõem imbuídos da ciência do bem e do mal, conhecedores predestinados do que deve e do que não deve ser feito, proprietários absolutos da verdade, ditadores soberanos do comportamento humano.
O senso grave da ordem é o dos que abraçam os projetos resultantes do entrechoque livre das opiniões, das lutas fecundas entre idéias e tendências, nas quais nenhuma autoridade se sobrepõe às Leis e ao Direito.
Ninguém se iluda. A ordem social justa não pode ser gerada pela pretensão de governantes prepotentes. A fonte genuína da ordem não é a Força, mas o Poder.
O Poder, a que nos referimos, não é o Poder da Força, mas um Poder de persuasão.
Sustentamos que o Poder Legítimo é o que se funda naquele senso grave da ordem, naqueles projetos de organização social, nascidos do embate das convicções e que passam a preponderar na coletividade e a ser aceitos pela consciência comum do Povo, como os melhores.
O Governo, com o senso grave da ordem, é um Governo cheio de Poder. Sua legitimidade reside no prestígio popular de quase todos os seus projetos. Sua autoridade se apóia no consenso da maioria.
Nisto é que está a razão da obediência voluntária do Povo aos Governos legítimos.
Denunciamos como ilegítimo todo Governo fundado na Força. Legítimo somente o é o Governo que for órgão do Poder.
Ilegítimo é o Governo cheio de Força e vazio de Poder.
A nós nos repugna a teoria de que o Poder não é mais do que a Força. Para nossa consciência jurídica, o Poder é produto do consenso popular e a Força um mero instrumento do Governo.
Não negamos a utilidade de tal instrumento. Mas o que afirmamos é que a Força é somente útil na qualidade de meio , para assegurar o respeito pela ordem jurídica vigente e não para subvertê-la ou para impor reformas na Constituição.
A Força é um meio de que se utiliza o Governo fiel aos projetos do Povo. Desgraçadamente, também a utiliza o Governo infiel. O Governo fiel a utiliza a serviço do Poder. O Governo infiel, a serviço do arbítrio.
Reconhecemos que o Chefe do Governo é o mais alto funcionário nos quadros administrativos da Nação. Mas negamos que ele seja o mais alto Poder de um País. Acima dele, reina o Poder de uma Idéia: reina o Poder das convicções que inspiram as
linhas mestras da Política nacional. Reina o senso grave da Ordem, que se acha definido na Constituição.
3. A Soberania da Constituição
Proclamamos a soberania da Constituição.
Sustentamos que nenhum ato legislativo pode ser tido como lei superior à Constituição.
Uma lei só é válida se a sua elaboração obedeceu aos preceitos constitucionais, que regulam o processo legislativo. Ela só é válida se, em seu mérito, suas disposições não se opõem ao pensamento da Constituição.
Aliás, uma lei inconstitucional é lei precária e efêmera, porque só é lei enquanto sua inconstitucionalidade não for declarada pelo Poder Judiciário. Ela não é propriamente lei, mas apenas uma camuflagem da lei. No conflito entre ela e a Constituição, o que cumpre, propriamente, não é fazer prevalecer a Constituição, mas é dar pela nulidade da lei inconstitucional. Embora não seja razoável considerá-la inexistente, uma vez que a lei existe como objeto do julgamento que a declara inconstitucional, ela não tem, em verdade, a dignidade de uma verdadeira lei.
Queremos consignar aqui um simples mas fundamental princípio. Da conformidade de todas as leis com o espírito e a letra da Constituição dependem a unidade e coerência do sistema jurídico nacional.
Observamos que a Constituição também é uma lei. Mas é a Lei Magna. O que, antes de tudo, a distingue nitidamente das outras leis é que sua elaboração e seu mérito não se submetem a disposições de nenhuma lei superior a ela. Aliás, não podemos admitir como legítima lei nenhuma que lhe seja superior. Entretanto, sendo lei, a Constituição há de ter, também, sua fonte legítima.
Afirmamos que a fonte legítima da Constituição é o Povo.
4. O Poder Constituinte
Costuma-se dizer que a Constituição é obra do Poder. Sim, a Constituição é obra do Poder Constituinte. Mas o que se há de acrescentar, imediatamente, é que o Poder Constituinte pertence ao Povo, e ao Povo somente.
Ao Povo é que compete tomar a decisão política funda mental, que irá determinar os lineamentos da paisagem jurídica em que deseja viver.
Assim como a validade das leis depende de sua conformação com os preceitos da Constituição, a legitimidade da Constituição se avalia pela sua adequação às realidades sócioculturais da comunidade para a qual ela é feita.
Disto é que decorre a competência da própria comunidade para decidir sobre o seu regime político; sobre a estrutura de seu Governo e os campos de competência dos órgãos principais de que o Governo se compõe; sobre os processos de designação de seus governantes e legisladores.
Disto, também, é que decorre a competência do Povo para fazer a Declaração dos Direitos Humanos fundamentais, assim como para instituir os meios que os assegurem.
Em conseqüência, sustentamos que somente o Povo, por meio de seus Representantes, reunidos em Assembléia Nacional Constituinte , ou por meio de uma Revolução vitoriosa, tem competência para elaborar a Constituição; que somente o Povo tem competência para substituir a Constituição vigente por outra, nos casos em que isto se faz necessário.
Sustentamos, igualmente, que só o Povo, por meio de seus Representantes no Parlamento Nacional, tem competência para emendar a Constituição.
E sustentamos, ainda, que as emendas na Constituição não se podem fazer como se fazem as alterações na legislação ordinária. Na Constituição, as emendas somente se efetuam, quando apresentadas, processadas e aprovadas em conformidade com preceitos especiais, que a própria Constituição há de enunciar, preceitos estes que têm por fim conferir à Lei Magna do Povo uma estabilidade maior do que a das outras leis.
Declaramos ilegítima a Constituição outorgada por autoridade que não seja a Assembléia Nacional Constituinte, com a única exceção daquela que é imediatamente imposta por meio de uma Revolução vitoriosa, realizada com a direta participação do Povo.
Declaramos ilegítimas as emendas na Constituição que não forem feitas pelo Parlamento, com obediência, no encaminhamento, na sua votação e promulgação, a todas as formalidades do rito, que a própria Carta Magna prefixa, em disposições expressas.
Não nos podemos furtar ao dever de advertir que o exercício do Poder Constituinte, por autoridade que não seja o Povo, configura, em qualquer Estado democrático, a prática de usurpação de poder político.
Negamos peremptoriamente a possibilidade de coexistência, num mesmo País, de duas ordens constitucionais legítimas, embora diferentes uma da outra. Se uma ordem é legítima, por ser obra da Assembléia Constituinte do Povo, nenhuma outra ordem, provinda de outra autoridade, pode ser legítima.
Se, ao Poder Executivo fosse facultado reformar a Constituição, ou submetê-la a uma legislação discricionária, a Constituição perderia, precisamente, seu caráter constitucional e passaria a ser um farrapo de papel.
A um farrapo de papel se reduziria o documento solene, em que a Nação delimita a competência dos órgãos do Governo, para resguardar, zelosamente, de intromissões cerceadoras dos poderes públicos, o campo de atuação da liberdade humana.
5. O Estado de Direito e o Estado de Fato
Proclamamos que o Estado legítimo é o Estado de Direito, e que o Estado de Direito é o Estado Constitucional.
O Estado de Direito é o Estado que se submete ao princípio de que Governos e governantes devem obediência à Constituição.
Bem simples é este princípio, mas luminoso, porque se ergue, como barreira providencial, contra o arbítrio de vetustos e renitentes absolutismos. A ele as instituições políticas das Nações somente chegaram após um longo e acidentado percurso na História da Civilização. Sem exagero, pode dizer-se que a consagração desse princípio representa uma das mais altas conquistas da cultura, na área da Política e da Ciência do Estado.
O Estado de Direito se caracteriza por três notas essenciais, a saber: por ser obediente ao Direito; por ser guardião dos Direitos; e por ser aberto para as conquistas da cultura jurídica.
É obediente ao Direito, porque suas funções são as que a Constituição lhe atribui, e porque, ao exercê-las, o Governo não ultrapassa os limites de sua competência.
É guardião dos Direitos, porque o Estado de Direito é o Estado-Meio, organizado para servir o ser humano, ou seja, para assegurar o exercício das liberdades e dos direitos subjetivos das pessoas.
E é aberto para as conquistas da cultura jurídica , porque o Estado de Direito é uma democracia, caracterizado pelo regime de representação popular nos órgãos legislativos e, portanto, é um Estado sensível às necessidades de incorporar à legislação as normas tendentes a realizar o ideal de uma Justiça cada vez mais perfeita.
Os outros Estados, os Estados não constitucionais, são os Estados cujo Poder Executivo usurpa o Poder Constituinte. São os Estados cujos chefes tendem a se julgar onipotentes e oniscientes, e que acabam por não respeitar fronteiras para sua competência. São os Estados cujo Governo não tolera crítica e não permite contestação. São os Estados-Fim, com Governos obcecados por sua própria segurança, permanentemente preocupados com sua sobrevivência e continuidade. São Estados opressores, que muitas vezes se caracterizam por seus sistemas de repressão, erguidos contra as livres manifestações da cultura e contra o emprego normal dos meios de defesa dos direitos da personalidade.
Esses Estados se chamam Estados de Fato. Os otimistas lhes dão o nome de Estados de Exceção. Na verdade, são Estados Autoritários, que facilmente descambam para a Ditadura.
Ilegítimos, evidentemente, são tais Estados, porque seu Poder Executivo viola o princípio soberano da obediência dos Governos à Constituição e às leis.
Ilegítimos, em verdade, porque seus Governos não têm Poder, não têm o Poder Legítimo, que definimos no início desta Carta.
Destituídos de Poder Legítimo, os Estados de Fato duram enquanto puderem contar com o apoio de suas forças armadas.
Sustentamos que os Estados de Fato, ou Estados de Exceção, são sistemas subversivos, inimigos da ordem legítima, promotores da violência contra Direitos Subjetivos, porque são Estados contrários ao Estado Constitucional, que é o Estado de Direito, o Estado da Ordem Jurídica.
Nos países adiantados, em que a cultura política já organizou o Estado de Direito, a insólita implantação do Estado de Fato ou de Exceção – do Estado em que o Presidente da República volta a ser o monarca lege solutus – constitui um violento retrocesso no caminho da cultura.
Uma vez reimplantado o Estado de Fato, a Força torna a governar, destronando o Poder. Então, bens supremos do espírito humano, somente alcançados após árdua caminhada da inteligência, em séculos de História, são simplesmente ignorados. Os valores mais altos da Justiça, os direitos mais sagrados dos homens, os processos mais elementares de defesa do que é de cada um, são vilipendiados, ridicularizados e até ignorados, como se nunca tivessem existido.
O que os Estados de Fato, Estados Policiais, Estados de Exceção, Sistemas de Força apregoam é que há Direitos que devem ser suprimidos ou cerceados, para tornar possível a consecução dos ideais desses próprios Estados e Sistemas.
Por exemplo, em lugar dos Direitos Humanos, a que se refere a Declaração Universal das Nações Unidas, aprovada em 1948; em lugar do habeas corpus; em lugar do direito dos cidadãos de eleger seus governantes, esses Estados e Sistemas colocam, freqüentemente, o que chamam de Segurança Nacional e Desenvolvimento Econômico.
Com as tenebrosas experiências dos Estados Totalitários europeus, nos quais o lema é, e sempre foi, “Segurança e Desenvolvimento”, aprendemos uma dura lição. Aprendemos que a Ditadura é o regime, por excelência, da Segurança Nacional e do Desenvolvimento Econômico. O Nazismo, por exemplo, tinha por meta o binômio Segurança e Desenvolvimento. Nele ainda se inspira a ditadura soviética.
Aprendemos definitivamente que, fora do Estado de Direito, o referido binômio pode não passar de uma cilada. Fora do Estado de Direito, a Segurança, com seus órgãos de terror, é o caminho da tortura e do aviltamento humano; e o Desenvolvimento, com o malabarismo de seus cálculos, a preparação para o descalabro econômico, para a miséria e a ruína.
Não nos deixaremos seduzir pelo canto das sereias de quaisquer Estados de Fato, que apregoam a necessidade de Segurança e Desenvolvimento, com o objetivo de conferir legitimidade a seus atos de Força, violadores freqüentes da Ordem Constitucional.
Afirmamos que o binômio Segurança e Desenvolvimento não tem o condão de transformar uma Ditadura numa Democracia, um Estado de Fato num Estado de Direito.
Declaramos falsa a vulgar afirmação de que o Estado de Direito e a Democracia são “a sobremesa do desenvolvimento econômico”. O que temos verificado, com freqüência, é que desenvolvimentos econômicos se fazem nas mais hediondas ditaduras.
Nenhum País deve esperar por seu desenvolvimento econômico, para depois implantar o Estado de Direito. Advertimos que os Sistemas, nos Estados de Fato, ficarão permanentemente à espera de um maior desenvolvimento econômico, para nunca implantar o Estado de Direito.
Proclamamos que o Estado de Direito é sempre primeiro , porque primeiro estão os direitos e a segurança da pessoa humana. Nenhuma idéia de Segurança Nacional e de Desenvolvimento Econômico prepondera sobre a idéia de que o Estado existe para servir o homem.
Estamos convictos de que a segurança dos direitos da pessoa humana é a primeira providência para garantir o verdadeiro desenvolvimento de uma Nação.
Nós queremos segurança e desenvolvimento. Mas queremos segurança e desenvolvimento dentro do Estado de Direito.
Em meio da treva cultural dos Estados de Fato, a chama acesa da consciência jurídica não cessa de reconhecer que não existem, para Estado nenhum, ideais mais altos do que os da Liberdade e da Justiça.
6. A Sociedade Civil e o Governo
O que dá sentido ao desenvolvimento nacional, o que confere legitimidade às reformas sociais, o que dá autenticidade às renovações do Direito, são as livres manifestações do Povo, em seus órgãos de classe, nos diversos ambientes da vida.
Quem deve propulsionar o desenvolvimento é o Povo organizado, mas livre, porque ele é que tem competência, mais do que ninguém, para defender seus interesses e seus direitos.
Sustentamos que uma Nação desenvolvida é uma Nação que pode manifestar e fazer sentir a sua vontade. É uma Nação com organização popular, com sindicatos autônomos, com centros de debate, com partidos autênticos, com veículos de livre informação. É uma Nação em que o Povo escolhe seus dirigentes, e tem meios de introduzir sua vontade nas deliberações governamentais. É uma Nação em que se acham abertos os amplos e francos canais de comunicação entre a Sociedade Civil e o Governo.
Nos Estados de Fato, esses canais são cortados. Os Governos se encerram em Sistemas fechados, nos quais se instalam os “donos do Poder”. Esses “donos do Poder” não são, em verdade, donos do Poder Legítimo: são donos da Força. O que chamam de Poder não é o Poder oriundo do Povo.
A órbita da política não vai além da área palaciana, reduto aureolado de mistério, hermeticamente trancado para a Sociedade Civil.
Nos Estados de Fato, a Sociedade Civil é banida da vida política da Nação. Pelos chefes do Sistema, a Sociedade Civil é tratada como um confuso conglomerado de ineptos, sem discernimento e sem critério, aventureiros e aproveitadores, incapazes para a vida pública, destituídos de senso moral e de idealismo cívico. Uma multidão de ovelhas negras, que precisa ser continuamente contida e sempre tangida pela inteligência soberana do sábio tutor da Nação.
Nesses Estados, o Poder Executivo, por meio de atos arbitrários, declara a incapacidade da Sociedade Civil, e decreta a sua interdição.
Proclamamos a ilegitimidade de todo sistema político em que fendas ou abismos se abrem entre a Sociedade Civil e o Governo.
Chamamos de Ditadura o regime em que o Governo está separado da Sociedade Civil. Ditadura é o regime em que a Sociedade Civil não elege seus Governantes e não participa do Governo. Ditadura é o regime em que o Governo governa sem o Povo. Ditadura é o regime em que o Poder não vem do Povo. Ditadura é o regime que castiga seus adversários e proíbe a contestação das razões em que ela se procura fundar.
Ditadura é o regime que governa para nós, mas sem nós.
Como cultores da Ciência do Direito e do Estado, nós nos recusamos, de uma vez por todas, a aceitar a falsificação dos conceitos. Para nós a Ditadura se chama Ditadura, e a Democracia se chama Democracia.
Os governantes que dão o nome de Democracia à Ditadura nunca nos enganaram e não nos enganarão. Nós saberemos que eles estarão atirando, sobre os ombros do povo, um manto de irrisão.
7. Os Valores Soberanos do Homem, Dentro do Estado de Direito
Neste preciso momento histórico, reassume extraordinária importância a verificação de um fato cósmico. Até o advento do Homem no Universo, a evolução era simples mudança na organização física dos seres. Com o surgimento do Homem, a evolução passou a ser, também, um movimento da consciência.
Seja-nos permitido insistir num truísmo: a evolução do homem é a evolução de sua consciência; e a evolução da consciência é a evolução da cultura.
A nossa tese é a de que o homem se aperfeiçoa à medida que incorpora valores morais ao seu patrimônio espiritual. Sustentamos que os Estados somente progridem, somente se aprimoram, quando tendem a satisfazer ansiedades do coração humano, assegurando a fruição de valores espirituais, de que a importância da vida individual depende.
Sustentamos que um Estado será tanto mais evoluído quanto mais a ordem reinante consagre e garanta o direito dos cidadãos de serem regidos por uma Constituição soberana, elaborada livremente pelos Representantes do Povo, numa Assembléia Nacional Constituinte; o direito de não ver ninguém jamais submetido a disposições de atos legislativos do Poder Executivo, contrários aos preceitos e ao espírito dessa Constituição; o direito de ter um Governo em que o Poder Legislativo e o Poder Judiciário possam cumprir sua missão com independência, sem medo de represálias e castigos do Poder Executivo; o direito de ter um Poder Executivo limitado pelas normas da Constituição soberana, elaborada pela Assembléia Nacional Constituinte; o direito de escolher, em pleitos democráticos, seus governantes e legisladores; o direito de ser eleito governante ou legislador, e o de ocupar cargos na administração pública; o direito de se fazer ouvir pelos Poderes Públicos, e de introduzir seu pensamento nas decisões do Governo; o direito à liberdade justa, que é o direito de fazer ou de não fazer o que a lei não proíbe; o direito à igualdade perante a lei que é o direito de cada um de receber o que a cada um pertence; o direito à intimidade e à inviolabilidade do domicílio; o direito à propriedade e o de conservá-la; o direito de organizar livremente sindicatos de trabalhadores, para que estes possam lutar em defesa de seus interesses; o direito à presunção de inocência, dos que não forem declarados culpados, em processo regular; o direito de imediata e ampla defesa dos que forem acusados de ter praticado ato ilícito; o direito de não ser preso, fora dos casos previstos em lei; o direito de não ser mantido preso, em regime de incomunicabilidade, fora dos casos da lei; o direito de não ser condenado a nenhuma pena que a lei não haja cominado antes do delito; o direito de nunca ser submetido à tortura, nem a tratamento desumano ou degradante; o direito de pedir a manifestação do Poder Judiciário, sempre que houver interesse legítimo de alguém; o direito irrestrito de impetrar habeas corpus; o direito de ter Juízes e Tribunais independentes, com prerrogativas que os tornem refratários a injunções de qualquer ordem; o direito de ter uma imprensa livre; o direito de fruir das obras de arte e cultura, sem cortes ou restrições; o direito de exprimir o pensamento, sem qualquer censura, ressalvadas as penas legalmente previstas, para os crimes de calúnia, difamação e injúria; o direito de resposta; o direito de reunião e associação.
Tais direitos são valores soberanos. São ideais que inspiram as ordenações jurídicas das nações verdadeiramente civilizadas. São princípios informadores do Estado de Direito.
Fiquemos apenas com o essencial.
O que queremos é ordem. Somos contrários a qualquer tipo de subversão. Mas a ordem que queremos é a ordem do Estado de Direito.
A consciência jurídica do Brasil quer uma cousa só: o Estado de Direito, já.
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