Junino Amor
Os Junhos são sempre assim!
Quando o trinta se aproxima,
Meu coração se sublima
E alegria derrama sobre mim!...
No ano quadragésimo sexto
Da era da minha amada,
Eu conto em prosa neste texto,
Como a logrei conquistada:
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Tremia mais que as maracas, quando ousei aproximar-me da bela menina de olhos de esmeralda nos seus doces 16 aninhos, bibelô dos meus mais loucos sonhos, pedindo-lhe a dança fatal em que finalmente soltaria as frases tão ensaiadas, falas profundas e sentidas de efeitos que esperava devastadores, garantidos...
A dança eu consegui, mas na hora agá da tão preparada declaração, nenhuma das tais palavras e frases de efeito achou firmeza nas minhas cordas vocais que mal conseguiam articular algum som inteligível.
Dançando de forma desajeitada, eu bebia sofregamente o momento, aspirava em quase transe o inebriante perfume de menina e de forma irreal, sem nada a ver com os ensaios que fizera, eu falei ao seu ouvido o lugar comum, o vulgar de Lineu, que ela estava cansada de ouvir de uma massa compacta de admiradores e babões que, tal como eu, sonhavam em arrecadar para si aquele coraçãozinho!...
Quando já sentia a sombra infame do insucesso por resultado de tão desmilingüida declaração, eis que sua melodiosa voz com hálito de rosas cultivadas em algum jardim no éden, disse-me: "Sim, eu aceito namorar contigo"...
...E o meu peito estourou em cavalgada sem controle, supremo orgulho, felicidade extravasando por cada poro do meu corpo, trombetas soando em triunfal "fortíssimo", tonitruante e apoteótico!!!
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Quarenta e seis anos depois, que mais me resta dizer, senão que sou um fulano de muita sorte e feliz pra caramba?.