Ao mestre e à maestrina

Assim como tu, escrevo antes, penso depois...

Sentada à escrivaninha na minha casa na rua da Felicidade, paralela à rua da Alegria construo minhas pequenas intenções...

Quem me dera escrever como tu, ó Mário! Mas, sou, simplesmente... leitora.

Sei que fostes raro... lúcido... capaz em suas palavras... acariciava-as com delicadeza... com eloqüência...

A ti ó Mário, fazemos reverência!

Que felicidade ouvi-lo, às vezes, sussurrando, às vezes, gritando seu prefácio.

Dedicou-se à arte poética, crítica, contista, musicista, fortaleceu a alma brasileira com a sua presença adornada em versos, prosas, cantigas e tantas celebrações da morte, da poesia, da solidão, da Vida.

Conheci sua casa, seus amigos, seu coração, tudo através de ti mesmo.

Encantada!

Jacinta... a maestrina... que formosura... que saudades...

Colecionadora de todas as suas obras, os mimos, as fotos e tanta dedicação!

Um descuido... na terra da garoa... tudo foi por água abaixo...

Retratos, partituras, tapetes, livros, quadros, ensaios... o piano... só restou o piano.

Lembranças...

Acordes...

Saudades...

Onde te deleitas!? Na região do silêncio... no leito da justiça...

Ela descansa no Lar da Vila Mariana.

Ela sofre em silêncio pela sorte... em carreira solo à espera da morte!

Maricília Lopes Silva
Enviado por Maricília Lopes Silva em 02/06/2009
Reeditado em 16/06/2009
Código do texto: T1629133
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