Ao mestre e à maestrina
Assim como tu, escrevo antes, penso depois...
Sentada à escrivaninha na minha casa na rua da Felicidade, paralela à rua da Alegria construo minhas pequenas intenções...
Quem me dera escrever como tu, ó Mário! Mas, sou, simplesmente... leitora.
Sei que fostes raro... lúcido... capaz em suas palavras... acariciava-as com delicadeza... com eloqüência...
A ti ó Mário, fazemos reverência!
Que felicidade ouvi-lo, às vezes, sussurrando, às vezes, gritando seu prefácio.
Dedicou-se à arte poética, crítica, contista, musicista, fortaleceu a alma brasileira com a sua presença adornada em versos, prosas, cantigas e tantas celebrações da morte, da poesia, da solidão, da Vida.
Conheci sua casa, seus amigos, seu coração, tudo através de ti mesmo.
Encantada!
Jacinta... a maestrina... que formosura... que saudades...
Colecionadora de todas as suas obras, os mimos, as fotos e tanta dedicação!
Um descuido... na terra da garoa... tudo foi por água abaixo...
Retratos, partituras, tapetes, livros, quadros, ensaios... o piano... só restou o piano.
Lembranças...
Acordes...
Saudades...
Onde te deleitas!? Na região do silêncio... no leito da justiça...
Ela descansa no Lar da Vila Mariana.
Ela sofre em silêncio pela sorte... em carreira solo à espera da morte!