CONFIDÊNCIA, NÃO DO ITABIRANO

Alguns anos vivi em Lorena.

Felizmente, não nasci em Lorena.

É o que me consola. Pois o entulho, o lixo!

Noventa por cento de lixo nas calçadas.

Cinquenta por cento de lixo nas almas.

E aquele calçamento que me estragou o carro!

A dificuldade de respirar, que me obsta o pensar,

vem de Lorena, de suas ruas sujas e escuras.

E esse hábito de sofrer, que não me larga o pé

é amarga herança lorenense.

Mas de Lorena trouxe lembranças que me aprazo em mostrar:

este livro da Olga de Sá, que resgata os escritores valeparaibanos;

esta estante, repleta de vida, onde repousam as almas de Péricles Eugênio, de Lobato,

de Maria Luiza R. P. Baptista e dos Machados da vida...;

a boa recordação dos mestres da FATEA; dos amigos de curso; dos colegas da cidade.

Não tive ouro, nem prata, nem casa.

Paguei caros aluguéis, suportando o rigor da Imobiliária Bastos.

Mas Lorena é mais que uma fotografia na parede...

De lá trouxe este canudo de papel e um coração maior...

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Lorena - SP, 2002

Antonio Leal
Enviado por Antonio Leal em 29/05/2009
Código do texto: T1621578
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