Airton Senna da Silva
Minha despedida deste grande herói das pistas e orgulho para nós brasileiros foi assim, enxugando lágrimas.
AIRTON SENNA DA SILVA
Airton, mais uma vez tu corrias na frente e já na sexta volta, estava quebrado o limite do homem, as barreiras dos seus próprios limites. Eu já sonhava com aquela bandeirinha em sua mão na última volta. Foi você quem nos acostumou a isso. Estarrecido! Eu vi você entrar na curva do Tamburello, mas... Não vi você sair dela. O que houve Airton? Foram os segundos mais compridos da minha vida. Apenas um milésimo de segundo, foi o bastante para você trocar de mundo? Ou, será que a trezentos quilômetros por hora, você passou para outra dimensão, como mesmo disse um dia. Airton, você vive para mim e para todos os brasileiros, como uma grande luz na imortalidade.
De todos os cantos até os longínquos confins da terra, o povo chorou por você, envolvidos, na maior comoção coletiva já vista. Um grito calado que ficou engasgado no paredão de concreto... Naquele instante crucial, só tu navegavas calado, e ninguém mais. Somente tu deves saber, por que aquela curva fatídica transformou-se em reta de chegada.
Inacreditável! Pelo menos para nós que víamos atônitos, aquelas imagens, que o vídeo insistia em mostrar, não nos conformávamos com todo aquele horror instaurado diante dos nossos olhos, parecia mentira. O nosso garoto - o nosso piloto – o nosso tri-campeão, sucumbia... Ao vivo, frente às câmeras, uma marca registrada dos nossos domingos, mas não dessa forma. Sua marca sempre foi norteada por vitórias, imagens de champanhe sacolejada e sendo espirrada pra todo lado, e você lá, no lugar mais alto do podium, era só alegria. Mas, não foi assim dessa vez... Foi despedida mesmo! Foi a forma que você achou para dar adeus, último aceno de um az... Daquele funéreo helicóptero cor de sangue, que nunca mais será apagado das nossas memórias... Num piscar de olhos... Uma curva qualquer levou para sempre o nosso herói - o nosso garoto – o nosso Airton Senna da Silva... Do Brasil.
Ímola... Tamburello... Willians... Fia… Não importa! Acelera Airton... Rumo ao céu, onde é o seu lugar. Adeus!!!
Jorge Gonçalves Junior - 08/02/2002