HOJE EU TENHO LUZ

Confesso, até que meio acabrunhado, que antes de tê-la eu vivia angustiado, desiludido. Minha vida era uma escuridão só. Um pouco por ignorância, falta de decisão, dinheiro; outro tanto pelas recomendações de mamãe. Mulher tem uma visão muito exagerada sobre determinadas coisas.

Nas poucas vezes que fui à cidade e a via, me deslumbrava e comentava aos sussurros com papai que eu gostaria de trazê-la para nosso lar. Papai entendia minha situação, estava ficando mocinho, precisava conhecer...

Mas mamãe até parecia ter quatro ouvidos.

- Nem pense numa coisa dessas, você não imagina o que ela nos dará de despesas. E é perigosa, principalmente para você que é novo, não sabe lidar com essas coisas muito bem. E isso não lhe faz tanta falta assim, não!

Papai me respondia com um simples gesto: colocava a mão direita sobre meus ombros e seu olhar me dizia – Fazer o quê?

À noite, o sono demorava a chegar, principalmente porque era obrigado a me deitar muito cedo. E era nessas horas que eu mais sentia sua falta. Sonhava com ela.

Ao completar 18 anos, decidi. Vai lá pra casa sim! Quase todos meus amigos tinham, por que eu não haveria de ter? Agora eu sou maior de idade! A minha lavoura de feijão e milho já me permitia esse luxo. Luxo não, direito.

Hoje meu mundo é outro. Ando mais animado pra tudo. Até mamãe já deixou de ser birrenta! Nos primeiros dias, aquelas recomendações: - Cuidado, olha que isso pode matar! Não abuse menino. Não precisa ficar tanto tempo com ela “acessa”.

Agora posso dizer de boca cheia que sou um homem feliz. Se ela não tivesse vindo, eu não teria comprado geladeira, televisão (mamãe adora novela e se apaixonou de cara pelo Silvio Santos), ferro elétrico, chuveiro quente. E foi graças a ela que eu aprendi a me vestir melhor, comprar perfumes bons... Claro que no final do mês me dá uma despezinha, afinal, qual prazer não dá? Mas eu dou um jeito e pago. Eu nunca mais vou ficar sem ela.

Obrigado Copel.

P.S - Copel: Companhia Paranaense de Energia Elétrica.