HOMENAGEM AO MELRO DE GUERRA JUNQUEIRO

Após chegar de mais uma caminhada

Tomei um merecido banho

E ao dormir com a noite enluarada

Tive um lindo sonho!

Sonhei que estava numa campina celestial

Em mais uma alucinante jornada...

Quando de repente avistei um letreiro.

Era um letreiro com a silhueta iluminada

Eram letras garrafais enaltecendo Guerra Junqueiro.

Aproximei e senti uma voz me sussurando:

-Entre neste Recanto e verás uma grande verdade!

-Achei até que estava delirando

Mas não era delírio. Era uma mensagem de solidariedade

Que o Divino Espírito da Montanha estava me revelando:

-Quem desejar mudar de vida

Agradeça a tudo em todo momento

E esforce em cada lida.

Veja a mensagem que Guerra Junqueiro

Deixou em seu célebre poema:

"O Melro". Grande mensagem d'um Grande Guerreiro.

A sutileza Divina é o seu lema.

Se desejar pode ler todo o texto

Mas para entender a sua essência,

Basta ler a décima sexta e décima sétima estrofe apenas.

São elas que repasso aqui

Para que todos possam refletir

Sobre o brilho do pássaro de pretas penas

Que cantou nos versos deste poeta.

-Com uma autorização espiritual

Pra quem não conhece,

Divulgo com amor no coração

O final da profética canção

Que foi cantada com sabedoria

Pelo "Melro" de Guerra Junqueiro

Para nos trazer somente alegria:

...

XVI

(*)"Deus semeou d'almas o Universo todo,

Tudo o que vive, e ri, e canta, e chora...

Tudo foi feito com o mesmo lodo,

Purificado com a mesma aurora.

Ó mistério sagrado da existência,

Só hoje te adivinho ao ver a alma tem a mesma essência,

Quer seja pela dor, pelo amor, pela inocência,

Quer guarde um berço, quer proteja um ninho,

Só hoje sei que em toda a criatura,

Desde a mais bela, até a mais impura,

Seja numa pomba ou numa fera brava,

Deus habita! Deus sonha! Deus murmura!

Ah, Deus é bem maior do que eu julgava!

XVII

E quedou silencioso. O velho mundo,

Das suas crenças antigas, num momento

Viu-o sumir exausto, moribundo,

Nos abismos sem fundo.

Do tenebroso mar do pensamento.

E chorou e chorou...A Igreja, a Crença,

Rude Montanha, pavorosa, escura,

Que enchia o globo com a sombra imensa

Dos seus setenta séculos d'altura;

O Himalaia de dogmas triunfantes

Mais eternos que o bronze e que o granito,

Onde aos profetas Deus falava dantes

Entre nuvens e raios trovejantes.

Lá dos confins sidéreos do infinito;

Esse colosso enorme, em dois instantes

Viu-o tremer, fender-se e desabar

Numa ruína espantosa,

D'uma avezinha trêmula, a expirar!

E arremessando a bíblia, o velho abade murmurou:

Há mais fé e mais verdade,

Há mais Deus com certeza

Nos cardos secos d'um rochedo nu

Que nessa bíblia antiga...Ó Natureza,

A única bíblia verdadeira és Tu!"...

(*)-Trecho final do Poema: "O Melro" de Guerra Junqueiro.