Mãe adotiva, mãe de coração
                
                                                                                                    
    
      Mãe, três letras, forma-se esta palavra tão minúscula, porém de um tamanho significado, gigante poderosa palavra, MÃE!
Quem não gosta de um colo de mãe, um afeto, ouvir histórias contadas do fundo do baú?
Então...Um dia no passado, tive tudo isso, perdi, Deus a levou para o outro mundo, como muitas mães estão lá, fazendo companhia para o Criador.
Ficou um vazio, o “tronco” da grande árvore materna ruiu-se, os “galhos”já adultos se dissiparam, cada um para o seu lado.
    A saudade dela passou a ser constante. Passou ano e mais anos, àquela sensação de carência da presença materna , ao invés de diminuir, aumentou.
 Tudo o que era novidade boa ou ruim, sentia que eu precisava contá-la, mas ela não estava no meio de nós.
     Quando foi um dia, resolvi adotar uma mãe, sim a maioria adota um filho, eu não...Queria adotar uma mãe, que pudesse tocá-la nos seus cabelos brancos, beijar seu rosto enrugado, segurar a sua mão, dar o meu amor e carinho, pedir para contar história, rir, emocionar com as suas conversas engraçadas. Era disso que eu estava precisando.
 
Resolvi procurar num asilo, àquela mãe abandonada pelos filhos verdadeiros.Uma mãe lúcida que eu pudesse preencher o seu vazio e vice-versa. O que eu vi chocou-me, apesar de tudo arrumado, elas limpas e alimentadas. Senti que eram semelhantes a “livros espanados numa estante”, que alguém pega para ler e depois coloca no lugar. Sem muito que fazer, muitas sem família para visitá-los outras nem tanto, em completo abandono familiar.Olhares perdidos, vagos para o nada.
 
 Contei o meu propósito ao pessoal que trabalhava lá, estranharam, mas, mandou-me escolher entre elas uma que me agradasse.
Comecei a olhar nos rostos, conversar com cada uma. Lucidez? Poucas tinham, conversei com uma delas mais lúcida, que me contou cada perfil das companheiras de dormitório. Contudo, uma história chamou-me muita atenção: uma delas era fujona demais, por ter sido moradora de rua, pedinte. Era filha de uma empregada doméstica de uma família estrangeira, que ao ir embora para o seu país, largou ela ao Deus dará, literalmente na rua.
 Quando a vi, tomei um susto era parecida demais com a minha bisavó, avó da minha mãe. Pensei...È essa mesma que eu quero! Para a minha surpresa ,ela riu com àquela boquinha sem dentes, tratou logo de segurar a minha mão, senti um calor forte nas mãos e naquele olhar, os olhos marejados avermelhados, emocionou-me muito. ( Como Deus age em nós, procurei uma mãe lúcida, colocou-me uma com o mal de Alzheimer, provou que não é bem assim, o que necessitamos.)
 Foi um amor à primeira vista. Cantei cantigas da infância para ver se ela lembrava, conversava, contava causos, sentia pequenos fragmentos de memórias, hora ria, ora não, ficava parada me olhando com muita intensidade, não falava coisas com coisas, mas era a minha mãe querida. Pensava... agora eu tenho uma mãe mesmo desmemoriada, iria distribuir o meu amor fraterno . Cada dia que passava, sua memória ia fugindo do seu corpo frágil.
 Num fatídico dia, lamentavelmente ela se foi também.
 
 Portanto, pense bem, visite um asilo, dê o seu amor fraterno, adote uma mãe de coração, já que os filhos de sangue virou as costas para àqueles “livros preciosos numa estante enfileirados”
 Homenagem póstuma àquela minha mãezinha adotiva de coração minha segunda mãe que partiu, Enedina.
 
 
 
 Feliz dia das mães!
                  À todas mães do RL e suas respectivas matriarcas!
Dora Duarte
Enviado por Dora Duarte em 07/05/2009
Reeditado em 07/05/2009
Código do texto: T1580834
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2009. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.