Prece à minha mãe...
A lua canta no céu a elegia...
E eu choro, em meio ao solitário
Deserto, que se fez em noite e dia.
(- Também eu tenho o meu calvário...)
- Onde estão os poemas sábios
Que declamava minha mãe, nas noites frias,
Ajoelhada ao meu berço, tendo os lábios
Junto ao meu rosto, rezando Ave-Marias?...
Ela ocupava todo o meu espaço
E me cobria com o seu afago...
Onde está a ternura do abraço?
- Foi-se, como o meu tranqüilo lago...
A palavra mansa, o riso e o carinho,
Que falta imensa me faz hoje ouvir!...
Eras tu, que cantavas bem baixinho,
Para que eu sempre adormecesse a sorrir...
O teu conselho, e a tua mão tão terna,
Fazem-me falta nesta noite triste...
Tu me ensinaste que a alegria eterna
Neste mundo, só por si, já não persiste...
- Minha mãe, minha santa, onde dormes?
Eu corro aqui, atrás de vãs quimeras!...
Preciso teus conselhos; que me informes
Para onde foram as minhas primaveras!...
Então, muito baixinho, ouço um suspiro:
- “Tem fé! Persiste! Sempre há esperança!
De Vitoriosa* dei-te o nome! Aspiro
A que encontres Paz na minha lembrança!...”
Então senti que estás comigo!...
E neste abandono, não me queres ver!
Sei que rezas! Jesus é teu Amigo!
E pedes muito para que eu possa crer!
A lua canta no céu sua elegia...
E meu sorriso irrompe em meio à dor...
Tua lembrança refaz-me em alegria
E eu sinto o teu afago, com amor...
Tu me deste por nome, Vitoriosa,
E de Esperança me chamavas com carinho...
E me dizias: - “Tu és a minha rosa,
Mas toda a rosa há de conhecer o espinho...”
- Mãe amada: entendi o teu recado!...
A prece que fizeste foi ouvida!...
- Perdoa-me no que eu tenha errado
E guia em rumo certo minha vida!...
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Nota: Meu nome de Batismo é de origem egípcia e foi escolhido por minha mãe; significa “Vitoriosa”. Meu pseudônimo e meu “segundo nome,” “Esperança”, foi escolhido por meu pai, em uma ocasião muito especial da minha infância: era 24 de junho, e eu tinha 04 anos...