Seria de Florbela
Esta angústia que sinto por amar?
Seria de Clarice
Seria de Clarice
Esta intensidade suave que em mim pressinto?
Seria de Anita
Minha paixão pelo perigo?
Seria de Bardot
O charme indiscutível do meu âmago?
Seria de Frida
Os universos criativos que me povoam?
Não sei.
Provavelmente nunca saberei,
Donde surgiu esta miscelânea que sou,
Que não me envergonho de ser.
Teria minha voz
A inocência de Björk?
Quem sabe a dor de Cat Power?
O encanto de Camille?
A doçura de Norah?
Ou a força de Alicia keys?
Minha voz reside nas minhas palavras
Que, como sua dona,
É mistura
Que idolatro.
Poderia eu ter a essência de minha mãe?
Ser uma profissional como sonho ser?
Alterar este planeta em certo ponto que juro não suportar?
Poderia eu corresponder ao que espero e comparo-me?
Loucura minha
Ansiar pelo mundo
Pensando em meu lar?
Mania de quem é fêmea
E poderosa na sua feminilidade.
Mas de quem é a culpa
De tantos opostos colidirem em meu peito?
Meus antepassados vikings?
Meus bisávos indígenas?
Minha criação?
Meus quereres?
Não sei.
Provavelmente nunca saberei.
Como adoro o fato de perceber:
Somente sou, quem sou
Por ser mulher
Aberta ao sentir,
Aberta ao universo,
Abertas as incongruências do viver
E não apenas persistir.