VAQUEIRO VELHO-HOMENAGEM À DEQUINHA DOS SANTOS

Vaqueiro Velho

sua jornada aqui na terra terminou.

Mas, por onde andares agora,

certamente terás uma caminhada eterna.

Aqui na terra seus rastros jamais serão apagados,

sua história de vida, certamente, jamais será esquecida.

Uma vida repleta de aventuras,

de sacrifícios, mas de muitas vitórias.

O vaqueiro velho se foi,

mas deixou para traz,

misturado com a poeira vermelha destas caatingas boiadeiras,

um legado de vida que servirá de trilha,

de rumo, para quem se atrever a fazer história,

a ser mais um vaqueiro herói deste sertão brasileiro.

Viveu praticamente toda a sua vida entre o campo e a cidade,

fez-se grande, autêntico, original e exemplar.

Um ser iluminado que soube trilhar seu caminho

com dignidade, com sabedoria, com amor, lealdade e honestidade.

Como todo ser humano, deu seus passos errados na vida,

mas soube, através dos erros,

conquistar muitas vitórias por estas mesmas estradas,

pelos caminhos do mundo.

Seus filhos eram a sua grande paixão,

assim como o gado e os cavalos de estimação.

Sua esposa foi uma gueirreira ao seu lado

e ele sabia reconhecer isso com ternura e afeto.

O vaqueiro velho se foi,

mas deixa impregnado em nós

lembranças saudáveis e uma ponta de saudade

a escorrer pelas entranhas do nosso ser.

Deixa um vazio que dia a dia será preenchido

pela lembrança de sua longa vida,

uma vida recheada de causos e contos,

de histórias e lendas, narrativas ricas de sabedoria

que abastecem o nosso vocabulário caboclo.

Em cada chapéu de couro pendurado numa porteira,

em cada umbuzeiro frondoso sombreando a caatinga,

em cada juazeiro verde servindo de repouso ao vaqueiro,

sua lembrança estará presente,

seu nome será enaltecido.

Em cada gibão pendurado num cantinho qualquer

de alguma pousada boiadeira ou no mourão de qualquer curral,

em cada jaleco empoeirado de terra, vestindo o vaqueiro,

em cada toque de berrante ecoando pelas matas boiadeiras,

em cada relinchar de um alazão pelas estradas de terra,

em cada gemido de gado repousando num velho terreiro,

sua lembrança também estará presente,

seu nome será evacionado pela multidão de heróis

que cruza as campinas verdejantes deste sertão brasileiro,

em todo o amanhecer, em todo o entardecer.

Vá com Deus vaqueiro velho.

Vá ao encontro feliz dos amigos que foram na frente,

seus companheiros e parceiros de antigas montarias.

Deraldino, João Grande, João Nino, Fabrício, Manoel Gambá,

Domingos Cantador, Antonio Gambá, Anjo Bento

e tantos e tantos outros, grandiosos como fora você,

te esperam de braços abertos,

felizes com a sua chegada para a morada eterna.

Descanse em paz vaqueiro velho,

e até um dia, meu companheiro, meu amigo,

amigo de tantas jornadas, de tantas caminhadas

pelas porteiras da vida, pelos becos do mundo.

Com a permissão de Deus vou continuando por aqui,

sentindo a sua falta, um vazio que está doendo dentro de mim,

dentro do meu coração.

Até um dia meu amigo, até um dia.

Eduardo Mendonça
Enviado por Eduardo Mendonça em 23/04/2009
Reeditado em 23/04/2009
Código do texto: T1555466