Uma Janela para o Sol

Um dia imaginei que eras uma rocha

Olhando pelas aberturas da janela ao por do sol Te via chegando, lá longe, em tua bicicleta. Trabalhavas da manhã à noite na entrega de faturas da Brasilauto e as suas cobranças. Chegaste a ter furúnculos pelo tempo que permanecias sobre o selim.

Nunca paraste para reclamar do trabalho, já sobre o serviço uma vez ou outra.

Eu cresci acreditando que eras uma rocha.

Nas poucas palavras, a opinião soava como um veredicto final, nem sempre agradável aos meus ouvidos.

O tempo foi passando... Eu Te via chegando de moto, com a bolsa a tiracolo, óculos escuros, feito galã de cinema.

E queria falar contigo para decidir tantas coisas, mas Tu tinhas um pensamento definido e nem sempre te entendi.

O tempo passando...

E eu quase não te via porque fui me afastando de Ti.

Queria ser uma rocha como Tu.

Estudei, iniciei a carreira bancária e satisfeito, formalizei sozinho minhas decisões, casei me tornei Pai como Tu.

Então entendi como se formavam as rochas!

Passei a ver o mundo de outra forma, que nossos passos nem sempre são guiados por nossas decisões. Muitos fatos e situações são alheias à nossa vontade. Que algumas pegadas perduram, mas outras são apagadas pelo vento ou pelo tempo.

E Este passou...

Quando voltei para Ti, estavas mais grisalho, me falaram que fizeste cirurgia do coração, o tempo de trabalho passou, aposentaste a valise e os óculos escuros. Transformaste o pequeno rancho em uma “oficina “ onde surgem as grandes invenções, consertos e novos brinquedos. Brinquedos? Sim. Brinquedos para o teu novo e esperado neto, o Carlos Augusto.

Hoje nos vejo conversando, compartilhando emoções, os gols do JEC (?), Palmeiras e Fluminense. As grandes pescarias, as novas decisões, as plantações de uva e as rápidas transformações no mundo.

Então, me pergunto: Por que demoramos tanto para crescermos?

Uma homenagem ao meu Pai, Cílio Buse.

(Este Texto é uma reedição pelas emanações de uma Luz que ilumina este Recanto: Rejane)

...Rejane não foram apenas a palavras que foram reeditadas aqui, as lágrimas também se renovaram. E são doces porque o amor amadureceu.

Agradecido a Deus por permitir a minha presença em teu Recanto.

Um forte abraço para Ti e para o Neno...

Robertson
Enviado por Robertson em 03/04/2009
Código do texto: T1521393