Ronaldo - o Fenômeno
O guerreiro está ferido,
mas não está morto!...
Ronaldinho, “o fenômeno”, jogador de futebol da Seleção Brasileira, foi crucificado em todo o mundo pelos cronistas esportivos e pelos amantes do futebol, devido a derrota do Pentacampeonato mundial do Brasil. A derrota diante da Seleção Francesa por 3 X 0, na decisão da Copa do Mundo, em l998, chocou o país. O fraco desempenho dos jogadores e a apatia apresentada pelo “o fenômeno” em campo, e o placar elástico em favor da seleção adversária, foram alvos de inúmeras críticas na imprensa esportiva nacional e internacional.
Mas, quando veio à tona o problema da convulsão que Ronaldinho havia sofrido horas antes daquela decisão, e só fôra escalado no vestiário, no momento do jogo, pelo então técnico – o velho lobo – Zagalo, houve muita especulação e alvoroço, desconfiança e dúvidas malígnas. Muito tititi rolou. O Ronaldinho foi o alvo predileto, foi apedrejado pela boca fanática do torcedor mais afoito, que o taxou de traidor. O torcedor eufórico, enfurecido, dizia: “Ele se vendeu!” Outros: “Ele amarelou mesmo! Tá bichado!” Esse fato rendeu muitas controvérsias e entrelinhas nas páginas do mundo da bola. Ele levou o maior nocaute de sua vida e, profissionalmente, ficou arrasado.
Para a Copa do Mundo de 2002, a Seleção Brasileira conquistou vaga nas eliminatórias, com extremas dificuldades, e sem o “o fenômeno”, que nessa época, estava em fase de tratamento devido uma intervenção cirúrgica sofrida em seu joelho. Estava afastado dos gramados a pelo menos dezoito meses.
Os papas do futebol davam como certo o fim de sua carreira futebolística. Sua situação era de fato delicada e grave. Mas, apesar de todos os rumores, ele sempre afirmava em entrevistas, dizendo: “Eu estarei lá, vocês vão ver! O guerreiro está ferido, mas não está morto!...” Quando o cinegrafista focava o seu joelho todo engessado, era difícil até para o mais otimista acreditar que ele fosse ao menos voltar a jogar uma “peladinha”. As muletas ocupavam o espaço precioso dos seus dribles e da bola.
O então técnico da Seleção, Luiz Felipe Scolari, era um dos poucos que arriscava-se a dizer: “Se ele estiver em forma e jogando bem no seu time na época da convocação, será convocado...” Isso lhe rendeu vaias de milhares e aplausos de poucos.
Algum tempo depois, inexplicavelmente, “o fenômeno” teve uma recuperação milagrosa... Voltou aos treinos no seu time da época (a Inter de Milão-Itália), entrou em forma e começou a jogar e a fazer gols e jogadas geniais. Cumprindo o prometido, Scolari, convocou-o; contrariando os papas da imprensa esportiva brasileira e torcedores que ainda ostentavam a idéia de que ele, “o fenômeno” havia amarelado na decisão da Copa do Mundo de l998, na França. Mas, a decepção maior ficou a cargo do mais ilustre torcedor, o Presidente da República Federativa do Brasil, o sociólogo Fernando Henrique Cardoso, o “FHC.”, que insistia, em entrevistas pelo rádio e a televisão, que o técnico devia convocar o baixinho, tetracampeão, Romário. Pedido que não foi atendido por Scolari. Fato que resultou no espanto de muita gente graúda no mundo inteiro.
A Copa do Mundo de Futebol de 2002 foi realizada simultaneamente na Coréia do Sul e no Japão – Continente asiático. Deram um show de tecnologia e organização... Nas bolsas de apostas em todo mundo, figuravam, como favoritíssimas ao título, as Seleções da Argentina, Inglaterra, França, Itália e Alemanha. A Seleção Canarinho do Brasil não foi apontada dentre as favoritas, nem mesmo na lista do rei do futebol, Edson Arantes do Nascimento – o Pelé – o que gerou muita tristeza nos jogadores da Seleção e na comissão técnica, e em muitos torcedores fiéis à “amarelinha...”
Mas, como o futebol é o esporte mais extraordinário do mundo, é uma caixinha de surpresas, “não existe lógica que impeça a Zebra!”. Logo, nem sempre o time que faz o primeiro gol vence a partida. Assim sendo, previsões, palpites e favoritismos no futebol é uma loteria. O que vale mesmo é o resultado final, é bola na rede – o gol, o êxtase do futebol.
O fiel torcedor brasileiro, o amante do futebol canarinho, nunca deixou de acreditar na Seleção do Brasil. “Para nós, a Seleção vai ser sempre favorita em qualquer competição do mundo, dentro ou fora de casa.” O Brasil de tantos craques do passado e do presente, com tantas vitórias e títulos mundiais, deveria ser mais respeitado na hora de ser analisado pelos que se auto-afirmam, papas da bola.
Assim, a Seleção Canarinho do Brasil, cognominada “a família Scolari”, comandada pelo “o fenômeno” e Cia Ltda., sagrou-se Pentacampeã Mundial de Futebol, no dia 30 de junho, às 8:00 horas (horário de Brasília- Bra), no Estádio de Yokohama, no Japão, vencendo a Alemanha por 2 X 0; dois gols dele, do gênio, do artilheiro da Copa, contrariando prognósticos de muitos generais do planeta bola, fazendo muita gente morder a língua, pensar um pouquinho antes de falar asneiras.
A festa da conquista do quinto caneco mundial foi supimpa no Estádio de Yokohama e em todo o Brasil. Cafu, o capitão do Penta, ao subir no pódio da vitória e ao levantar o troféu, fez um gesto cinematográfico... e a mais linda declaração de amor à sua esposa, dizendo bem alto para o mundo inteiro ouvir: “REGINA, EU TE AMO!” Esse ato ganhou repercussão mundial, foi manchete nos principais jornais do cosmo.... Todos os jogadores na volta olímpica transbordaram felicidade... Scolari e toda a comissão técnica foram ao delírio da vitória e do dever cumprido. O torcedor brasileiro ficou felicíssimo, estourou rojões, fez carreatas e cantou: “A taça do mundo é nossa, com brasileiros, não há quem possa..” Foi grande a euforia da comemoração do título em todo o Brasil. Foi pura adrenalina. A auto-estima do povo foi às alturas... O mundo da bola reverenciou o futebol brasileiro. O fenômeno, emocionadamente, agradeceu a todos que o ajudaram e acreditaram na sua recuperação... Foi um momento que entrou para a história do futebol.
Ronaldinho, “o fenômeno”, nasceu em Bento Gonçalves-RJ.; começou sua brilhante carreira de jogador de futebol no time do São Cristóvão no Estado do Rio de Janeiro; depois jogou pelo Cruzeiro de MG, pelo PSV da Holanda, pelo Barcelona da Espanha, pela Inter de Milão, da Itália, e, atualmente, veste a camisa do time do Real Madri, da Espanha. Entrou para a galeria dos craques, dos monstros sagrados do futebol mundial, tornando-se imortal... estará na memória eterna do futebol brasileiro em todos os tempos, e jamais ficará esquecido das páginas da história do futebol. Ele superou todas as expectativas e dificuldades. Tornou-se o símbolo de recuperação no esporte. Venceu o medo, desafiou o fracasso, encarou frente a frente os ressentimentos, derrotou a insegurança e a incerteza; superou a solidão e os fantasmas... e o abandono de muitos, e aprendeu... Provou para si mesmo, e para o mundo, que o IMPOSSÍVEL É SER IMPOSSÍVEL... E passou para história: de vilão a herói do PENTA.
Em l7 de dezembro, no evento: FIFA WORLD PLAYER 2002, em Madri, Espanha, Ronaldinho, “o fenômeno”, foi escolhido como O MELHOR JOGADOR DO MUNDO – ganhando os troféus: BOLA DE PRATA, como o segundo melhor jogador da Copa; CHUTEIRA DE OURO, como o artilheiro da Copa do Mundo, com 08 (oito) gols; e o troféu pela terceira vez em sua carreira, como, O MELHOR JOGADOR DO ANO (o único a conquistar esse feito até então: l996, l997 e 2002). Em 03 de março de 2003, foi tema de enredo de samba da Escola Tradição do grupo especial do Rio de Janeiro.
Livro Crisálida a motivação dda vida - pág. 18 a 20, Ed. Torre de Papel - 2003 - Curitiba/PR Autor - Osmar Saores Fernandes