Era uma vez mulheres...
Era uma vez mulheres...
Elas viviam no lar. Criavam seus filhos para a guerra e suas filhas para cuidarem da casa.
Um dia quando seus filhos já haviam partido seguindo seus maridos, ainda lhes restavam mais crianças para alimentar. Então tiveram que sair para trabalhar.
Foi ai que elas perceberam que além de cuidarem da casa, elas podiam ser enfermeiras, médicas, arquitetas, jornalistas, advogadas... Enfim podiam sonhar com mais do que a vida oferecia.
O patrão não era um homem justo. Pagava menos a elas por serem mulheres.
Mas elas continuavam tecendo...
Teciam pensamentos
Teciam amor
Teciam liberdade...
Um dia, quando decidiram que a injustiça deveria ter fim, foram falar com o patrão. Ele enfurecido decidiu que a aquela balbúrdia tinha que terminar.
Chamou a policia e com a ajuda dela, trancou toda a fábrica com as tecelãs dentro e o fogo foi consumindo uma a uma.
Aquele fogo atravessou um século. Pouco a pouco ele foi se apagando. No entanto ele ainda consome algumas mulheres.
Consome a menina que chora ao se olhar no espelho por não ser bonita
Consome a moça que sofre ao ir trabalhar com medo das gracinhas do chefe
Consome a esposa que tem medo do marido
Consome as meninas que são tiradas de suas casas para servirem a prostituição
E muitas outras que ainda sofrem por terem seus direitos queimados. Cabe a nós fazer com que esse fogo se apague totalmente.