O Lobo Mau não existe. Morreu.


Christian Andersen bicentenário
Vive no imaginário
Da criança que fomos
E ainda somos.

Hoje posso ler, contar, recriar, sonhar,
Varrer meus sombrios pensamentos,
Cobrir de fantasia meus tormentos.
Vestir-me de menina e brincar.

Ah...ter uma Varinha Mágica
E poder transmutar o mundo,
Desfazer a vida trágica,
Apagar dores e guerras num segundo.

Ser Pequena Sereia nos rochedos,
Meditando ante a paisagem,
Ver passar grandes navios em viagem,
Salvar um príncipe, vencer meus medos...

Ser bailarina ardente na lareira,
De cartolina e papel,
Fundida ao Soldadinho de Chumbo
Num coração, em lua-de-mel.

Ser o cisne oculto no Patinho Feio,
Despir-me de orgulho,
Cobrir-me de bondade,
Prescindir de qualquer galanteio...

Descalça, encolhida numa ruela,
Ser no Ano Novo a Menina dos Fósforos
E reencontrar minha materna avó
Na luz riscada e aquarela.

Ou Chapeuzinho Vermelho dos Grimm,
Cantando e colhendo flores,
Livre, num bosque sem fim
Onde não há caçadores.


O Lobo Mau não existe. Morreu.
Na fantasia de adulto 
Posso esconder de mim mesma
Que meu lobo mau sou eu! 




Em homenagem ao bicentenário do nascimento de Hans Christian Andersen e aos Irmãos Grimm,  magos que encheram nossa infância de sonhos, fantasia e beleza.
foto de Hans C. Andersen

KATHLEEN LESSA
Enviado por KATHLEEN LESSA em 29/04/2006
Reeditado em 06/06/2009
Código do texto: T147613
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