Tributo ao Sorriso

Tudo começou com um exuberante e lindo papel de seda.

Percebendo a iguaria em mãos, peça rara, puseram uma clave de sol, feita em fios de ouro. Junto à mesma, linhas de prata, demarcando as linhas onde se desenhariam olhares e emoções de anjo primo.

A vida foi desenhando, junto à escolhas, pequenos pontos nessa armação.

Doce e suave... a melodia foi-se orquestrando em sorrisos encantadores e olhar tenro.

Em brilho, um homem conseguiu igualar tanto esplendor em palavras, numa composição desprovida de ambição, tal qual a musa em notas*.

Contudo, errou o nome da composição, da obra que já havia nascido e este não sabia.

Era no que queriam que acreditássemos, era seu segredo.

Entre jardins Elíseos e um lar de nuvens, a perfeição, restrita às divindades tocou.

Melhor, soou.

Invólucro humano algum poderia... ousaria tanto.

Precisou uma clave em ouro, linhas de prata, experiências pontuais e um fundo de marfim.

Ainda faltava...

O céu veio em seu socorro, com o mar em retaguarda.

Pincelou em dois orbes o magnânimo.

Ainda faltava...

Ainda era apenas uma menina.

Não obstante, finalmente o toque final aterrisou no semblante macio.

Invadindo seu corpo, depositando-se neste.

E num frenesi, soprou.

E o mito se personificou.

Não era mais mulher nem menina;

Não era mais humana;

Era encantadora, hipnotizando com olhos, pele, sorriso, voz de sereia;

Céu, mar, ouro, prata, marfim, mito.

É, agora, o que sempre foi pra ser:

Avatar do riso, da beleza, da doçura;

Menina da Lua

*Inspirado na música "Menina da Lua" de Renato Motha e uma "Menina da Lua" de verdade.