Ao menino do violão


Sexta-feira... Dia de sol intenso... Centro do Rio de Janeiro.... Antes um pouquinho da minha consulta de surpresa...
Gente para todo lado... Cuidado! Cuidado!... (a vida não é fácil, não é brincadeira... Olhos e bolsas... Se possível, bem grudados...)
As pessoas trabalhando... Vendendo o dia... Emprego faltando, mas como trabalha esta gente guerreira!!!
Uma estátua-viva pintada... Os olhos vermelhos... Sol na moleira... Não poderia ser diferente... Ela está lá. A injustiça é que não é vista por muita gente...
Indiferentes!... Passam todos apressados... São trabalhadores também... Desculpados!

O som vinha de algum lado... Uma melodia conhecida... Uma voz de cantor famoso... O repertório todo dele...
Um reboliço... Comentários... Gente parada na esquina...

A voz suave... Quase um apelo... Chapéu, no chão, serve de banco... Alguns trocados, bem lá no fundo... Quase sem fundo, ficou meu peito...

O menino do violão... Canta com garra... É quase um grito... "olhem para mim!"...
Sentado, na calçada, com as pernas semi-encolhidas... O feto da humanidade... O talento das mãos divinas... A voz de menino encantado.

A luta pela sobrevivência.... Sem vender nada... Não tem CD gravado...
Olhei para ele... Sua garganta quase estoura... As veias de um chamado...

Belo menino... Sem o amparo das grandes gravadoras... Das redes de TV... Que estão sem conhecê-lo ainda... Fácil de entender! (São tantas as ofertas de "qualidade" que a gente vê...)
Coisas para pensar... Compramos, de bom, o quê?

Bela criança que só queria o café da manhã...


20:48

(Homenagem ao menino que ouvi, no centro do Rio de Janeiro... Belo encanto... Bela voz.... Um talento... Mais um, entre tantos... Nesse povo maravilhoso Brasileiro...)