ERIKO ALVYM E JOSÉ LINDOMAR CABRAL

(homenagem que recebí do GRANDE POETA JOSÉ LINDOMAR CABRAL)

... eu e o Eriko Alvym somos amigos sinceros

um do outro, e nos relacionamos cardíaca

e cefalicamente assim: ele acha que escrevo

melhor do que ele

enquanto tenho certeza que, de nós 2,

o Eriko é o escritor maior...

É que o talento dele lhe basta, porquanto

é suficiente para ele pegar as palavras

e transformá-las em fantásticos seres fêmeos,

rachados e quase portadores de vaginas

(do mesmo modo que o meu é o bastante

para o tamanho da vaidade, humildade e soberba

que anda lado a lado com este dom que me tornou,

de modo simultâneo, propriedade e senhor

dos textos que me escolhem para ser o seu autor)...

Sim, leitor, o talento do Alvym, que também é cantor

e canta como ninguém, é suficiente para que este

seja feliz e não sinta inveja nem de Rimbaud

que de fato é um grande poeta, apesar de eu

não achá-lo tão imensurável assim, pelo menos não tanto

quanto aqueles que o transformaram em ícone

da moderna, cansada, esgotada e colaboracionista

literatura oficial do ocidente

(e que eram – refiro-me aos tais inventores de “deuses malditos” –

da mesma casta intelectual, social, gordurosa e hipnótica

dos mesmos hipnotizadores que hoje monopolizam a cultura

aterrorizando-a intelectualmente) sempre procuraram, em vão,

em vão, felizmente, me convencer que este (Rimbaud) deveras é;

pois eu, que só não desconfio de Deus, e somente não desconfio

Dele porque o Dito Cujo me fez – é verdade – conhecê-Lo face a face,

acho, acho, não, tenho certeza que se ele, o trágico “Viajante notável”

(que era também um célebre “rola-bosta” assumido, tendo sido explicitamente

o mais famoso dos amantes do genial, passivo, passional, possessivo

e anal Verlaine), fosse realmente detentor da receita secreta do Néctar

que alimentava intelectualmente as almas monstruosas e negras dos ora finados

e esquecidos deuses do Olimpo, seus versos ainda hoje meteriam pânico,

entenda-se, fogo na palha do rabo vasto e tremulante desses falecidos,

falecidos, porém ambulantes burgueses letrados, biletristas,

que se dizem himbaudianos

e seriam, em vez de exaltados, obviamente recusados por esses

defuntos-que-andam-e-vociferam e que continuam a recitá-los nos saraus

dos mortos a respeito dos quais Jesus Cristo disse:

“Deixai que os mortos enterrem seus mortos”....