SIMPLESMENTE

Não, minha pequena!

Não quero te falar da beleza indizível das flores. Nem tão pouco sussurrar em teu ouvido, versos elegantes de poetas imortais.

Quero apenas debruçar-me sobre as palavras e, com a ajuda delas, deixar correr nestas linhas o rio de sentimentos que me afogam quando estou ao teu lado. Pois ao teu lado tudo passa a ter sentido. Tudo passa a ter uma importância maior em minha vida. Tudo se modifica. E o que outrora era apenas belo, agora transcende o que de melhor o desejo pode dar. E o que de melhor o prazer pode oferecer.

Mas não falo apenas do prazer de possuir. De tocar. De desfrutar daquilo que já se tem.

Falo do prazer maravilhoso e indescritível que é degustar de cada segundo da luta que travamos neste mundo para alcançar aquilo que se espera ter.

E é dentro deste prazer que me sinto envolvido. Seduzido. Encantado. Envolto deste sentimento aparentemente intransponível. E certamente enlouquecedor. Onde o toque não é permitido e onde apenas os sonhos podem produzir a realidade.

Tu és a minha realidade. E a realidade diluída à fantasia torna a vida mais delicada. E é assim, tão delicadamente, que tu me fizeste perceber nas pequenas coisas, as grandes respostas. Por isso, não é preciso mais que teu sorriso em minhas manhãs para que eu perceba que a aurora é muito mais que o amanhecer do dia. E que o crepúsculo não é apenas o repousar do sol, é a certeza de que ele voltará na manhã seguinte coma mesma força e alegria do despertar passado. E o sereno da noite que antes anunciava a chegada da chuva, agora não é mais que as lágrimas dos deuses implorando que eu te beije e que,

nossas bocas, selem assim a confirmação do firmamento.

Portanto, minha querida...

Não me mande olhar o céu e suas estrelas. Nem me mostre o brilho intenso da lua.

Não me fale da beleza inconstante do mar. Nem me aponte as cores inefáveis do horizonte. Pois todas essas perfeições são tuas. E se tu soubesses o que dizem meus olhos, saberia que as vejo sempre que tu passas por mim.