CLARICE, CLARA, CLARICE
(A Clarice Bacelar)
Na treva da escuridão
de um sertão, então, sem lua...
Imaginávamos todos,
os meninos amarelos,
que ocupam aquelas mal calçadas ruas,
para hoje, em mal traçadas linhas
inda perguntar, como seria Clarice,
lua clara, só meiguice...
(Ah, mas que doidice!)
Como seria Clarice, nua?
E o melaço dos seus olhos castanhos
iluminando aqueles tempos antanhos,
povoava-nos os sonhos,
breando as ilusões,
púberes carentes,
desiludidos, tristonhos...
E o fogo aceso das adivinhações
clareava os desejos
de vãs imaginações.
Clarice um dia se foi
pra longe, distante daqui,
mas nunca jamais, em tempo algum,
em nenhum onde...
Seu olhar,
aquele "um"
(Será que ainda se esconde?)
... Esquecermos Clarice,
a inspiração, nossa fonte...
de beber água transluz?...
Nem quê,
se o Pai nos desse uma cruz,
inda seria ela,
divina Clarice, essa luz!
Clarice ,Clara, Clarice
Que bom que o poeta perguntando-nos, diz:
(*) “Que mistério tem Clarice
pra guardar-se, assim, tão firme no coração?...”
(*) José Carlos Capinam em Clarice, música de Caetano Veloso.
Há muita gente
apagada pelo tempo,
nos papéis desta lembrança
que tão pouco me ficou
igrejas brancas,
luas claras na varandas,
jardins de sonho e cirandas,
foguetes claros no ar...
Que mistério tem Clarice,
Que mistério tem Clarice,
pra guardar-se assim,
tão firme, no coração?...
Clarice era morena
como as manhãs são morenas
era pequena no jeito
de não ser quase ninguém.
Andou conosco caminhos
de frutas e passarinhos,
mas jamais quis se despir
entre os meninos e os peixes,
entre os meninos e os peixes,
Entre os meninos e os peixes
do rio, do rio...
Que mistério tem Clarice,
Que mistério tem Clarice
pra guardar-se assim tão firme, no coração?
Tinha receio do frio,
medo de assombração,
um corpo que não mostrava,
feito de adivinhação...
Os botões sempre fechados
Clarice tinha o recato
de convento e procissão...
Eu pergunto o mistério
que mistério tem Clarice
pra guardar-se assim tão firme, no coração?
Soldado fez continência,
o coronel reverência,
o padre fez penitência,
três novenas e uma trezena...
Mas Clarice era a inocência,
nunca mostrou-se a ninguém,
fez-se modelo das lendas
fez-se modelo das lendas
das lendas que nos contaram as avós...
Que mistério tem Clarice,
que mistério tem Clarice
Pra guardar-se assim tão firme, no coração?
Tem que um dia amanhecia
e Clarice assistiu minha partida
chorando pediu lembrança
e vendo o barco se afastar de Amaralina
desesperadamente linda,
soluçando e lentamente...
Elentamente despiu o corpo moreno
entre todos os presentes
até que seu amor sumisse,
permaneceu no adeus chorando e nua
para que a tivesse toda
todo o tempo que existisse.
Que mistério tem Clarice,
que mistério tem Clarice
pra guardar-se, assim, tão firme, no coração?
(UM ESPETÁCULO!!!)
(A Clarice Bacelar)
Na treva da escuridão
de um sertão, então, sem lua...
Imaginávamos todos,
os meninos amarelos,
que ocupam aquelas mal calçadas ruas,
para hoje, em mal traçadas linhas
inda perguntar, como seria Clarice,
lua clara, só meiguice...
(Ah, mas que doidice!)
Como seria Clarice, nua?
E o melaço dos seus olhos castanhos
iluminando aqueles tempos antanhos,
povoava-nos os sonhos,
breando as ilusões,
púberes carentes,
desiludidos, tristonhos...
E o fogo aceso das adivinhações
clareava os desejos
de vãs imaginações.
Clarice um dia se foi
pra longe, distante daqui,
mas nunca jamais, em tempo algum,
em nenhum onde...
Seu olhar,
aquele "um"
(Será que ainda se esconde?)
... Esquecermos Clarice,
a inspiração, nossa fonte...
de beber água transluz?...
Nem quê,
se o Pai nos desse uma cruz,
inda seria ela,
divina Clarice, essa luz!
Clarice ,Clara, Clarice
Que bom que o poeta perguntando-nos, diz:
(*) “Que mistério tem Clarice
pra guardar-se, assim, tão firme no coração?...”
(*) José Carlos Capinam em Clarice, música de Caetano Veloso.
Há muita gente
apagada pelo tempo,
nos papéis desta lembrança
que tão pouco me ficou
igrejas brancas,
luas claras na varandas,
jardins de sonho e cirandas,
foguetes claros no ar...
Que mistério tem Clarice,
Que mistério tem Clarice,
pra guardar-se assim,
tão firme, no coração?...
Clarice era morena
como as manhãs são morenas
era pequena no jeito
de não ser quase ninguém.
Andou conosco caminhos
de frutas e passarinhos,
mas jamais quis se despir
entre os meninos e os peixes,
entre os meninos e os peixes,
Entre os meninos e os peixes
do rio, do rio...
Que mistério tem Clarice,
Que mistério tem Clarice
pra guardar-se assim tão firme, no coração?
Tinha receio do frio,
medo de assombração,
um corpo que não mostrava,
feito de adivinhação...
Os botões sempre fechados
Clarice tinha o recato
de convento e procissão...
Eu pergunto o mistério
que mistério tem Clarice
pra guardar-se assim tão firme, no coração?
Soldado fez continência,
o coronel reverência,
o padre fez penitência,
três novenas e uma trezena...
Mas Clarice era a inocência,
nunca mostrou-se a ninguém,
fez-se modelo das lendas
fez-se modelo das lendas
das lendas que nos contaram as avós...
Que mistério tem Clarice,
que mistério tem Clarice
Pra guardar-se assim tão firme, no coração?
Tem que um dia amanhecia
e Clarice assistiu minha partida
chorando pediu lembrança
e vendo o barco se afastar de Amaralina
desesperadamente linda,
soluçando e lentamente...
Elentamente despiu o corpo moreno
entre todos os presentes
até que seu amor sumisse,
permaneceu no adeus chorando e nua
para que a tivesse toda
todo o tempo que existisse.
Que mistério tem Clarice,
que mistério tem Clarice
pra guardar-se, assim, tão firme, no coração?
(UM ESPETÁCULO!!!)