Minha História (Uma Homenagem ao Malandro)
Era fim de expediente, e eu estava ali atrás da porta, olhando pra ela. Até pensei em desistir, mas desta vez eu teria de ir até o fim...não tinha mais como adiar aquele momento.
Desde a época da faculdade quando nos conhecemos pela primeira vez, aquela mulher era a mais bonita entre todas as outras que eu já havia conhecido e permanecia assim, até hoje e era hoje, tinha que ser hoje.
Já estava tudo planejado: iria convidá-la para sair, um jantarzinho sem compromisso e entre umas e outras eu iria me declarar.
Ah, meu caro amigo se você soubesse o quanto esta divina dama ainda mexe comigo, nunca esqueci o que passamos naquela época, embora a vida nos tenha separado já por algum tempo, uns doze anos mais ou menos.
O pessoal do trabalho acha que eu sou obcecado por ela, ai se eles me pegam agora, aqui no café com um copo vazio na mão olhando como ela sorri ao falar ao telefone...
- Vai trabalhar vagabundo, se eu fosse teu patrão...você já estava na rua !
Já estou pelas tabelas com essa gente.
Tomei coragem, fui ao seu encontro. Ficamos ali por alguns segundos, olhos nos olhos. Todo o sentimento que tenho por ela viria à tona em breve, qualquer reação dela naquele momento, seria a gota d'água.
- Café ?
- Sem açucar por favor
- Quem te viu, quem te vê...
- Preciso estar em forma pra quando o carnaval chegar - disse ela sorridente. Ela é dançarina, tem mais samba no gingado dela do que em toda uma escola.
- Olha Maria...
- Sim !?
- Preciso te dizer algo. Tenho sua atenção ?
- Sim, claro
- Jura ?
- Palavra de mulher !
Fechei os olhos, visualizei os futuros amantes que estavam pra renascer ali, respirei fundo e me declarei:
- Mulher, vou dizer quanto te amo. Eu vivo num sonho impossível, um sonho de carnaval...e neste sonho, você é a mãe do filho que eu quero ter.
O silêncio dela era angustiante, me doía a alma. Insisti:
- Você não ouviu.
Ela desatinou.
- Mil perdões, não posso mais ser tua...já sou de alguém
Tido aquilo que sonhara desmoronava diante dos meu olhos como uma velha construção. Ela me disse:
- Sinto tanta saudade daquela época...mas vai passar, tem que passar.
Essa moça tá diferente, quem será o malandro que roubou o coração da minha amada ?
- Me dê mais uma chance, para mim basta um dia em seus braços
- O meu amor pertence agora a outro, sinto muito !
Virou as costas e saiu, levando daquela sala um pedaço de mim.
E esta é minha história, hoje tenho a certeza de que sonhos, sonhos são e peço por favor...não fala de Maria...com ela não sonho mais.