A velhinha que sorria para estranhos
Já sentiu o efeito de um sorriso?
Viva.encontre a magia,a beleza no cotidiano.Uma das maiores lições que já aprendi foi me dada por uma quase completa desconhecida.
Geralmente,pelo final da tarde,lá pelas dezesseis horas eu passava para comprar pão.A padaria era um pouco distante da minha casa, e o caminho que eu tomava passavam várias casas.Todos os dias eu via uma velhinha sentada na calçada,nuns degraus.Nunca dediquei muita atenção, sempre a passos largos e concentrada em gastar o menor tempo possível. Depois de algum tempo,reparei que a velhinha sorria a qualquer pessoa que passasse e que me sorria,mesmo sem me conhecer.
Eu nunca havia retribuído.
Os dias corriam e já fazia algum tempo que, nas tardes em que eu ia comprar pão,a velhinha me sorria.Passei a prestar mais atenção na senhora: tinha cabelos curtos,muito curtos e completamente brancos,era magrinha e frágil.Recordei que certo dia,na época, há uns três meses, havia passado e visto a velhinha sendo mal-tratada,xingada e tratada com impaciência,enquanto a filha lhe dava banho no quintal,não me atentei muito ao fato embora lembro de ter sentido pena. Um dia resolvi parar.Ela sorriu e eu retribui,cumprimentando.Não lembro do tom da sua voz.Sei apenas que trocamos um diálogo breve e eu prossegui me sentindo muito bem,extremamente bem.
Os dias se seguiram e sempre que podia,dedicava alguns minutos a conversar com a velhinha.Quando não,apenas sorria e isso bastava.Por alguns motivos,passei algum tempo sem ir comprar pão.Quando voltei no passar dos dias,reparei que a velhinha já não se encontrava ali todas as tardes,como outrora.Senti saudades.Já faziam alguns dias que eu não a via, e numa tarde qualquer a encontrei ali.Sorrindo.Estava bem mais magra e parecia muito mais frágil que antes.Passei uns 15 minutos na companhia da velhinha e sai me sentindo- como sempre acontecia – muito,mas muito bem.E feliz,por te-la visto novamente,já que cogitava a possibilidade dela ter falecido.Numa das últimas vezes que a vi e que lembro claramente,estava com meu primo.Passamos um tempo longo ao lado dela,lembro que chegamos até a sentar ao seu lado.
Parei de comprar pão definitivamente.Ocasionalmente,passava pelo caminho e a velhinha nunca estava lá. As vezes, caminhava aguardando ansiosamente que a visse ali.Cheguei a comentar com meu primo,até.Eu sentia saudades da velhinha,da simpatia e de seus sorrisos,sentia saudades dela estar apenas ali,todas as tardes por volta das dezesseis horas.
Soube por meio da minha avó,uns três meses atrás – talvez mais,não sei exatamente—que ela havia falecido.Fiquei triste por perder alguém importante.
Eu nunca descobri o nome da velhinha.
E ela nunca me perguntou o meu.
Ainda lembro do seu sorriso e as vezes,quando faço o caminho,olho na direção onde costumava sentar e sorrir para completos estranhos.E passei a praticar, a experimentar sorrir para pessoas que não conhecia.A cumprimentar.Geralmente as pessoas se assustam,olham desconfiadas e não retribuem.Durante o tempo em que via a velhinha e algum tempo após eu costumava sorrir.
Depois,deixei a pratica de lado.
Mas pretendo voltar a faze-lo.
Isso é a mágica e mágicas nem sempre funionam.
Hoje,agradeço a velhinha que sorria.
Por ter me ensinado uma das mais valiosas lições que já aprendi.
Hoje ainda paro algumas vezes para recordar da velhinha,do seu sorriso e de como a sua companhia era boa.Como eu me sentia bem,e sinto saudades as vezes,a tristeza invade.Mas...quando seu sorriso me vem a mente..me faz enxergar a beleza que não vemos.Experimente sorrir mesmo que não receba outro sorriso em troca.Talvez você possa encontrar uma velhinha simpática, talvez possa aprender uma grande lição com uma desconhecida.
Obrigada, velhinha que sorri.Dedico este texto a você.Espero que possa ler.