Domingo não é dia de Futebol, é dia de Sport Club do Recife

Domingo quando levanto já sei que não é um dia como todos os outros. Muitos dizem que domingo é dia de macarronada, eu nem de macarrão gosto. Outros vão dizer que domingo é dia de missa, minha religião é vermelha e preta com o leão. Os que mais chegarão perto serão aqueles que dirão: Domingo é dia de futebol. Chegam perto, porque pra mim domingo é dia de Sport.

Tive uma namorada que perguntou se eu gostava de futebol – eu gosto de futebol, mas eu amo o Sport Club do Recife. Vestir rubro-negro, ir pra Ilha do Retiro, seja pra assistir futebol, vôlei, hóquei, basquete, se fizerem um campeonato de par ou ímpar e colocarem alguém com a camisa do Sport, eu torço pra ele.

Esses domingos de fim de ano são uma tristeza. Não tem jogo de nada, não tem o Sport em campo, não são domingos.

Podem dizer o que quiserem de Flamengo, São Paulo, Corinthians, Vasco, Grêmio, Cruzeiro. É muito fácil torcer pra esses times. O tanto de dinheiro que eles ganham eles tem obrigação de montar bons times e lutar pelos títulos. Meu coração não tem preço, rapaz, sou Sport, passei cinco anos na segunda divisão, montando uns times horríveis, mas sou Sport, tenho orgulho do título da série B de 1990, uma verdadeira luta para ser campeão.

É muito fácil ter ídolos como Zico, Dario Pereira, Rivelino, Roberto Dinamite. Craques de bola. Mas nenhum deles vale mais que Ribamar, Hélio, Leomar, Carlinhos Bala, Durval e tantos outros que levaram o Sport as conquistas.

Ser Sport é carregar pra onde vai seu orgulho, orgulho de ser centenário, de ser campeão brasileiro, orgulho de ser pernambucano, sim senhor! Orgulho de vestir vermelho e preto e ficar com raiva quando um mane acha que você é flamenguista.

Lembro de quando o Brasil perdeu a Copa de 98, estava em casa com uns amigos, ao fim do jogo um resmungava, outro chorava e todo mundo dizia que não era possível. Eu não entendia a tristeza toda, parecia que o Sport tinha perdido uma final para o Náutico (coisa que não acontece a 40 anos).

_Porra, o Brasil perdeu. – me disseram.

_E o Sport jogou? – eu respondi.

_Não!

_Tinha algum jogador do Sport no time?

_Não!

_Então porque tu ta chorando, trepeça?

Sou de uma geração que não viu o título do Sport de 1987. Tinha só 4 anos, a única lembrança que tenho é do meu pai biritado voltando do estádio e dizendo Campeão, Campeão. Por isso que quando o meu Sport foi disputar a final da Copa do Brasil de 2008 eu fiz questão de sair de Brasília pra ir ver o jogo. Era o jogo da minha geração. O jogo que eu vou contar para os meus filhos.

O glorioso tinha perdido a primeira partida por 3x1 em São Paulo. Toda a mídia apoiando os segundinos do Corinthians Paulista. Pra chegar naquele momento tínhamos batido Palmeiras, Internacional e Vasco da Gama. Perdíamos por 3x0 quando Enilton, um dos piores atacantes que já vi jogar no meu leão fez um gol. Segundo o Profeta Carlinhos Bala era o gol do título. Vou dizer uma coisa, não sei se Deus falou ou não com Bala, mas eu tinha que estar na Ilha do Retiro no dia 11 de junho de 2008.

A história do jogo você encontra em qualquer jornal ou na internet, mas só quem estava naquele estádio, camisa vermelha e preta, enrolado na bandeira do clube, do lado dos camaradas, 32 mil pessoas que cantaram do primeiro ao octogésimo quinto minuto. Sim, faltando 5 minutos pra acabar o jogo, ganhávamos de 2x0 e o estádio calou. Todo mundo queira levar o Sport pra cima, todo mundo queria segurar a onda, mas esses foram os cinco minutos mais duros da minha vida. Todo mundo esperava o maldito juiz apitar o fim da partida. Sabia que dali a pouco as lágrimas cairiam, fossem de felicidade, fossem de tristeza haveria lágrimas.

Olhei para os lados, mãos seguravam bandeiras. Unhas eram roídas. O silêncio. O apito. Sport Club do Recife. Podem dizer o que quiser, pra mim sempre será o maior time do mundo, o único time que faz minhas pernas tremerem e que arranca lágrimas dos meus olhos.

Ganhamos o jogo de uma geração de torcedores, ganhamos na bola, ganhamos na raça. Ganhamos do Corinthians, da Rede Globo, de tudo e de todos. Jogo sofrido, como tinha que ser.

Por isso que os domingos são dias diferentes, domingo é dia de Sport. É dia de tremer as pernas, é dia de ver o Leão do Norte, o maior clube do mundo, a torcida mais chata, mais apaixonada, mais louca. Domingo é dia de vermelho e preto.