Natal da minha MÃE - 15 de Dezembro Hoje, para nós, os oito irmãos, é (era) dia de Natal. Desde os anos quarenta (s. XX), que eu me lembre, lá em casa, tínhamos sempre um Natal antecipado… Faz 102 anos que a minha Mãe nasceu. Faz 31, 4 meses e 12 dias (3 de Agosto) que partiu. Num momento, fecho os olhos, e vejo a nossa simbólica e real mesa redonda que teve de ser acrescentada com um tampo à medida que a família crescia e, depois, à medida que cada um partia para a sua vida, voltou à normalidade e ainda lá continua na nossa Casa na Serra, Manteigas, agora ao cuidado do Miguel… onde já nos juntámos algumas vezes, mas muito raro. Uma mesa redonda, em princípio, não tem cabeceira, mas a nossa tinha. Era onde estava a cadeira do Pai. A Mãe sentava-se à direita, num lugar, que tornava mais fáceis a constantes idas e vindas à cozinha. A Avó, a Senhora da Casa, até ao ano sessenta, sentava-se à esquerda. Depois, sem ordem definida, mas perfeitamente definida, fomo-nos sentando… primeiro o Vítor, em 34, logo a seguir a Lúcia, em 35; veio logo o Elísio em 37, eu, o José em 38. O António, em 40, não chegou a sentar-se à mesa. A Teresa chegou logo em 41, a Alice em 44, o Miguel em 47… e quando todos pensavam que não haveria mais, veio o Horácio, em 49!!! As manas foram ficando mais perto da Mãe, à medida que já podiam dar uma mãozinha… e os manos, creio que era conforme as alturas… Claro que não havia acesso directo à mesa familiar. Só depois da amamentação, quando podiam estar na cadeira de bebé que foi rodando e parece que foi preciso arranjar duas!!! Ficámos os oito e, ainda este ano, estivemos reunidos. Hoje decidi visualizar esses anos, poucos, em que estivemos todos juntos e havia sempre uma tia ou uma visita o que perfazia quase sempre o número mágico dos 13!!! Como na ÚLTIMA CEIA! Para mim, foi sempre, e continua a ser, a imagem do verdadeiro altar para as celebrações. Os altares das igrejas, mesmo das modernas, já voltados para o público, não me convencem. Acho que foi ali que aprendi que o NATAL era todos os dias, os maus e os bons, embora o NATAL tivesse a evocação especial do Menino que trazia montes de prendas para os sapatinhos alinhados junto à grande lareira da grande cozinha!!! Montes de presentes, porque éramos muitos e podiam ser os sapatos ou as meias ou os fatos que era preciso actualizar!!! Não me lembro dos presentes para a Mãe. O Pai, claro, encarregava-se do “miminho” especial, em nome de todos, que até podia ser uma panela ou um tacho, ou uma máquina de café, que fazia falta lá em casa… Para o que me havia de dar, se não tinha nada de especial nem de elaborado para contar?!!! Deve ter sido por ter atingido os setenta, idade com que a nossa MÃE partiu, e por ter encontrado, este ano, neste Recanto das Letras, uma nova Família duma dimensão inimaginável. Para os manos, o meu abraço. zeraga 15 de Dezembro de 2008
Natal da minha MÃE - 15 de Dezembro Hoje, para nós, os oito irmãos, é (era) dia de Natal. Desde os anos quarenta (s. XX), que eu me lembre, lá em casa, tínhamos sempre um Natal antecipado… Faz 102 anos que a minha Mãe nasceu. Faz 31, 4 meses e 12 dias (3 de Agosto) que partiu. Num momento, fecho os olhos, e vejo a nossa simbólica e real mesa redonda que teve de ser acrescentada com um tampo à medida que a família crescia e, depois, à medida que cada um partia para a sua vida, voltou à normalidade e ainda lá continua na nossa Casa na Serra, Manteigas, agora ao cuidado do Miguel… onde já nos juntámos algumas vezes, mas muito raro. Uma mesa redonda, em princípio, não tem cabeceira, mas a nossa tinha. Era onde estava a cadeira do Pai. A Mãe sentava-se à direita, num lugar, que tornava mais fáceis a constantes idas e vindas à cozinha. A Avó, a Senhora da Casa, até ao ano sessenta, sentava-se à esquerda. Depois, sem ordem definida, mas perfeitamente definida, fomo-nos sentando… primeiro o Vítor, em 34, logo a seguir a Lúcia, em 35; veio logo o Elísio em 37, eu, o José em 38. O António, em 40, não chegou a sentar-se à mesa. A Teresa chegou logo em 41, a Alice em 44, o Miguel em 47… e quando todos pensavam que não haveria mais, veio o Horácio, em 49!!! As manas foram ficando mais perto da Mãe, à medida que já podiam dar uma mãozinha… e os manos, creio que era conforme as alturas… Claro que não havia acesso directo à mesa familiar. Só depois da amamentação, quando podiam estar na cadeira de bebé que foi rodando e parece que foi preciso arranjar duas!!! Ficámos os oito e, ainda este ano, estivemos reunidos. Hoje decidi visualizar esses anos, poucos, em que estivemos todos juntos e havia sempre uma tia ou uma visita o que perfazia quase sempre o número mágico dos 13!!! Como na ÚLTIMA CEIA! Para mim, foi sempre, e continua a ser, a imagem do verdadeiro altar para as celebrações. Os altares das igrejas, mesmo das modernas, já voltados para o público, não me convencem. Acho que foi ali que aprendi que o NATAL era todos os dias, os maus e os bons, embora o NATAL tivesse a evocação especial do Menino que trazia montes de prendas para os sapatinhos alinhados junto à grande lareira da grande cozinha!!! Montes de presentes, porque éramos muitos e podiam ser os sapatos ou as meias ou os fatos que era preciso actualizar!!! Não me lembro dos presentes para a Mãe. O Pai, claro, encarregava-se do “miminho” especial, em nome de todos, que até podia ser uma panela ou um tacho, ou uma máquina de café, que fazia falta lá em casa… Para o que me havia de dar, se não tinha nada de especial nem de elaborado para contar?!!! Deve ter sido por ter atingido os setenta, idade com que a nossa MÃE partiu, e por ter encontrado, este ano, neste Recanto das Letras, uma nova Família duma dimensão inimaginável. Para os manos, o meu abraço. zeraga 15 de Dezembro de 2008